sábado, 21 de agosto de 2010

Minhas Lembranças mais Inocentes


Ai que saudades dos meus pés todo furado pelos espinhos da macauba, que tanto valia apena depois de tirar um por um e dizer tantos ais, sentar embaixo da enorme sombra que fazia a cajaranda, mesmo com as mãos toda grudada daquela gostosura amarela, quebrava o liso coquinho e comia seu bagre com tamanha apetite que parecia ser um manjar até então desconhecido.

Ai que saudades de correr descalça nas areias do arisco e brincar de casinha dentro da cabana originalmente formada pelos grandes unhas-de-gato parecia até um palácio depois que nós meninas dávamos um trato e com ajuda dos meninos que sempre estavam dispostos a participarem das brincadeiras, aí começavam a disputa de quem era quem, O joão sempre queria ser o dono da bodega, o Elízio seria o dentista, o Joaguim seria o médico, esse não perdia pra ninguém o seu cargo, assim era a peleja até se organizarem, as meninas seriam as mães, filhas, as moças e cada uma usava um personagem que fosse mais apropriado, heita tempo gostoso, fazíamos tudo tão bem que a diversão durava horas, esquecíamos até do almoço, se não fosse pelos gritos de nossas mães que já tinha nos dado o aviso não esperem eu chamar, venham assim que a usina apitar, senão vão apanhar, e era dito e feito a correia comia com efeito nos nossos lombos, mas a tarde recomeçávamos toda brincadeira até a hora do banho pra jantar e depois da Ave Maria tocada na amplificadora sentávamos nos degraus da calçado do seu Totonho Norões e lá resolveríamos qual seria a brincadeira, quase sempre acabava sendo o queima escolhido pelos mais levados, as meninas e eu querendo parecer mocinhas, preferíamos ficar ouvindo músicas e falando quem era entre os garotos o mais "isso ou aquilo" Era um tempo gostoso, não digo de pura inocência, mas sem maldade isso eu afirmo, o nosso maior desejo não passava de um beijo ou um toque de mãos. As meninas sempre foram mais avançadas e nos finais de semanas inventávamos tertúlias e convidávamos os meninos da rua dos Cariris. Era bom demais. Sempre acontecia em minha casa, pois meu irmão Auderico gostava de dançar comigo, puro engano era o meu, ele gostava era de ficar de olho em alguém mais atrevido. Lembro que em uma dessas tertúlia, o Jairo tirou-me para dançar e estava bom demais quando meu irmão pegou a mão do rapaz e colocou na minha cintura e disse de cara amarrada: É mais em cima que o cavalheiro tem que colocar a mão e se afaste um pouco mais senão desse jeito ela nem pode respirar...Ho! Tempo bom que não volta mais, porém minhas lembranças retornam a hora que eu quero, e tô sempre querendo mais.
Das minhas lembranças guardo com carinho os meninos: Elizio( do seu Zuzinha) Antonio e Joaquim ( de dona Brígida) Jairim, Mozar, Rocilene e Zezé ( de madreinha Judite) alguns lembro fisicamente, mas esqueci o nome. A s meninas eram: Fátima, Lúcia ( de Toinha ) Leonízia, Denize, Rosane ( de tia Milca) Carmélia ( de seu Eduardo) Nina, Maninha irmã de Loro, Judicléia, Ienaura, Zilbertina e Fátima Brasil. Existem em minhas lembranças muito mais nomes, mas não quero prolongar mais as lembranças, fica pra outra ocasião, onde meu coração poderá aguentar mais emoção.
Quero lembrar que meus irmãos Auderico, João e Adauto faleceram ainda muito jovens aqui em São Paulo, ficando apenas minha irmã Cida e eu.
Íris Refete


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