quarta-feira, 21 de setembro de 2011

NOSSAS CRIANÇAS, NOSSO FUTURO Delúbio Soares (*)


Nos idos da década de 40, a bordo de um valente teco-teco, o jornalista Assis Chateaubriand chegou às cidades mais remotas de nossos sertões com uma novidade toda sua, os “postos de puericultura”. Com o mesmo gênio inquieto e espírito visionário, o notável jornalista e empreendedor, retratado brilhantemente por Fernando Morais em histórica biografia, buscava alcançar vários objetivos com uma só iniciativa: receber em período integral as crianças para que suas mães pudessem trabalhar fora, dando-lhes naqueles postos alimentação, educação básica, assistência médica e odontológica, além das atividades recreativas.

Se não havia um rigor pedagógico como o das fabulosas Escolas-Parque de outro gênio, o educador Anísio Teixeira, “Chatô” teve o indiscutível mérito de apoiar a emancipação feminina num tempo em que as mulheres pouco ou nada trabalhavam fora de casa, garantindo-lhes a tranqüilidade de saber que seus filhos estariam bem assistidos, com os cuidados básicos de saúde e alimentação correta. Foram mais de 500 postos de puericultura por todo o Brasil, os embriões do que hoje é a creche, tão comum e indispensável no dia-a-dia de milhões de mães brasileiras que trabalham e precisam deixar seus filhos com a certeza de que serão tratados com respeito e carinho.

São obras que ultrapassam gerações e que fazem a história. Chateaubriand, com todas as críticas que recebeu, com as mazelas que se lhe reconhecem e os muitos inimigos que fez, deixou uma vasta obra no campo social, como criador do Museu de Arte de São Paulo, o fabuloso MASP, o grande incentivador de nossa aviação com o lançamento da indústria aeronáutica, a construção dos legendários aviões de treinamento “Paulistinha” e a disseminação dos aeroclubes pelo Brasil afora, iniciativas de sua lavra e frutos da impressionante visão de brasileiro apaixonado por seu país. A mais notável de todas, é a que menos lhe é atribuída, justamente as creches como instituições integrantes do dia-a-dia dos brasileiros, especialmente das mães trabalhadoras.

A presidenta Dilma Rousseff, em mais uma ação de grande alcance social, anunciou a construção de 6.427 creches e pré-escolas até 2014, de acordo com a necessidade de nossos Municípios. A ampliação da rede de creches escolares faz parte do PNE (Plano Nacional de Educação), cuja meta é atender a totalidade de nossas crianças entre os 4 e 5 anos até 2016, e 50% das crianças de 0 a 3 anos até 2020. Pode parecer uma meta ambiciosa, mas é plenamente exeqüível para um governo com preocupações sociais e comprometimento claro com seu povo. Foi assim com os oito anos de sucesso do presidente Lula, assim está sendo com a gestão competente da presidenta Dilma.

Dilma dá a entonação humanista ao seu mandato quando ressalta que o governo tem o dever de garantir aos brasileirinhos um futuro bem melhor do que os seus pais tiveram. A presidenta não deixa dúvidas quanto à sua visão de Brasil: com justiça social, melhor distribuição de renda, democracia de oportunidades. É o Brasil que sonhamos, iniciado por Lula e consolidado pela eleição da primeira mulher a ocupar a suprema magistratura da Nação. E a criança, recebendo atenção e carinho, educação e saúde, é a base sólida do país vitorioso que estamos construindo.

Outra iniciativa extraordinária é a construção de 6.116 novas quadras esportivas escolares, com outras 5 mil recebendo coberturas até 2014. Isso é fundamental para que possamos implementar o período integral nas escolas públicas de todo o país, recebendo nossas crianças pela manhã e as devolvendo aos seus lares no final da tarde. Irão receber instrução escolar, alimentação balanceada e de boa qualidade, orientação pedagógica e assistência médica e odontológica. Uma criança bem alimentada, cuidada com carinho e recebendo atenção permanente de professores bem remunerados, é o mais forte projeto de futuro que uma Nação pode acalentar.

Serão 1.466 cidades, em todas as regiões do Brasil, as que receberão as novas unidades educacionais, entre creches e quadras esportivas. Somando-se as 1.484 unidades já em construção em 1.040 Municípios, a meta estabelecida de 6 mil unidades será superada com folga. É o oposto dos anos de estagnação e de descaso durante a gestão de FHC e do tucanato, quando a educação pública foi relegada a um patamar de gritante inferioridade, preterida pelo modelo neoliberal, sabotada em favor do ensino pago, dificultando a vida dos pobres e impedindo o acesso dos filhos do povo à boa educação, à escola de qualidade. Os tucanos tratam a educação de forma brutal: há mais de 100 dias os professores de Minas Gerais estão em greve, merecendo solene desprezo para com suas reivindicações mais justas; no Paraná, nos tempos do governo de Alvaro Dias, os professores foram impiedosamente massacrados diante do palácio do governo, com cavalos, cães ferozes e bombas de gás lacrimogêneo, humilhados e enxotados de forma vil.

Hoje existem filas de até 52 mil nomes esperando por uma vaga nas creches de São Paulo. O governo estadual, há duas décadas nas mãos do PSDB, não investiu como devia na educação e apresenta números lamentáveis para que o Brasil se surpreenda negativamente com eles… Na contramão desse absurdo, os governos do PT e dos partidos da base aliada investiram pesado na educação pública, na construção de novas creches, na ampliação das existentes, na melhora das quadras esportivas e na construção de milhares de novas unidades delas.

E o que estamos fazendo, que jamais foi feito por nenhum outro governo, ainda será pouco diante das necessidades prementes de um país que cresce espantosamente todos os anos. Cada centavo gasto em educação não é despesa: é investimento. Ao final de cada dia, quando um brasileirinho ou uma brasileirinha volta para sua casa, num bairro qualquer desse país imenso, bem alimentado e após receber boa instrução escolar, tendo sido apoiado por professores bem remunerados e instruídos, com acesso a material pedagógico adequado e atividades esportivas, tenham certeza de que o Brasil está cumprindo o seu dever para com o futuro.

No país de Anísio Teixeira, de Paulo Freire, de Darcy Ribeiro, de Josué de Castro, de Milton Santos, de um magistério que jamais fugiu às suas responsabilidades, a presidenta Dilma Rousseff faz o dever de casa e ao mesmo tempo nos dá a grande lição: só a educação pode construir para o amanhã.

(*) Delúbio Soares é professor

companheirodelubio@gmail.com

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