quarta-feira, 6 de abril de 2011

Carta à Antonio Correia Lima

Ribeirão Preto, 08 de março de 2011
Prezado amigo Antonio,
meu sincero abraço
Hoje acordei melancólica e saudosa, tanto que voltei aos velhos tempos das cartas, lembranças que dizem-me que estou ultrapassando mais uma geração de tecnologia. Lembranças dos gritos do carteiros alertando da chegada de noticias esperadas ou não, muitas vezes decepcionada lia o remetente e não era quem eu queria que fosse, lembranças de quando recebia cartas dos meus irmãos que moravam em São Paulo e eu
tinha que ler para minha mãe se derreter em lágrimas. Mas tenho as lembranças boas, cartas de namorados que eu deixava em alguma cidade que visitava, era muito bom ler e depois ficar imaginando como deveria responder.
Hoje estou mais preocupada é em saber de fato o futuro da minha querida PS, é que como eu temia calou-se tudo e minhas esperanças estão precisando de um ânimo, um toque de entusiasmo e isto eu procuro em você que é tão generoso quanto esperançoso, acredita na sua luta e por isto mesmo não desiste nunca nem mesmo se dar o direito de desanimar, então recorro a você amigo, dá-me um pouco que seja desta sua credibilidade e me passa esperança que verei minha doce e amada PS transformada em uma cidade mocinha, toda orgulhosa se preparando para receber suas honras de direito. Da-me a esperança que irei ainda nem que seja mais velha visitar minha cidade, rever com contentamento todos que deixei ai quando nem estradas tínhamos que nos ligássemos a dita civilização orgulhosa por ser cidade, quero chegar ai e sentir o mesmo orgulho e sentir que dai pra frente é só lutar para progredir, crescer, produzir e retribuir o que seus filhos esperam dela quando cidade.
Sei que já não terei forças para correr como antigamente ruas ladeiras, subir em árvores, andar de bicicleta tirada escondida do Tiê, mas sei que andarei de cabeça erguida cumprimentando a todos por sermos conterrâneos de fato.
Já não sei como está minha linda menina, mas lembro de cada detalhe de suas ruas, suas casas, suas árvores, nossa gente, ha! minha gente, povo simpático, que não negava um bom dia, um sorriso, gente quieta em sua espera, passiva em suas lutas, satisfeita com seus deveres. Pessoas que só esperavam o tempo, olhavam pro céu e via com alegria ou tristeza se ia ou não chover. São assim minhas lembranças, tão insignificantes para muitos, mas tão importantes para mim.
Ano passado sofri uma ameaça de infarto, ao voltar dos primeiros socorros a primeira coisa que falei pro meu marido foi: Não fui desta vez, isto quer dizer que ainda verei meu pai e verei minha PS sendo cidade...E pode crer amigo que foi exatamente esta a minha primeira lembrança e sabe porque? Por serem estes os meus maiores desejos, um já sei que não cumprirei, mas ver minha doce Ponta da Serra sendo cidade, eu verei. Sabe chega a doer algo aqui dentro de pensar que posso não voltar ai, mas conto com sua pitada de entusiasmo e quero que passe para cada um dos que me conhece que eu cumprirei minha promessa. Voltarei aí sendo ela ou não cidade, pois nunca deixará de ser minha caixa das melhores lembranças de minha vida.
Despeço-me deixando lembranças para tia Fidé, padrinho Geraldo e Nair e todos os primos e primas.
Com um forte abraço da amiga
Írismar Pereira

Um comentário:

Arcoiris No Horizonte disse...

Obrigada mais uma vês por me ajudar.
Um forte abraço
Irismar Pereira