terça-feira, 27 de julho de 2010

Trabalhadores rurais fazem manifestação


O protesto dos trabalhadores foi realizado na Praça Siqueira Campos, na cidade do Crato

ANTÔNIO VICELMO

27/7/2010

O protesto lembrou Dia do Trabalhador Rural e aniversário de criação do Sindicato dos Produtores Orgânicos
Crato. As oportunidades de emprego no campo estão mais escassas. Em consequência deste cenário, aumenta o êxodo rural. A maioria dos trabalhadores não possui, sequer, um palmo de terra para trabalhar. São assalariados temporários. Geralmente, moram na cidade e trabalham no campo.
Jornada
Sua jornada é incerta e varia conforme o ciclo das safras e a necessidade de mão-de-obra. Estes questionamentos foram levantados, ontem, durante manifestação dos trabalhadores rurais, na Praça Siqueira Campos, no Crato. A manifestação foi promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores Orgânicos da Região do Cariri.
A manifestação desta segunda-feira comemora duas datas: o Dia do Trabalhador Rural e o aniversário de fundação do Sindicato dos Produtores Orgânicos da Região do Cariri.
O presidente do Sindicato, Expedito Guedes, afirma que o objetivo principal dos protestos é demonstrar que o movimento não concorda com o atual modelo econômico. "Estamos propondo políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de uma produção orgânica, sustentável e um meio ambiente saudável", acrescentou ele.
Prioridade
O líder sindical ressalta ainda que, o atual modelo agrário, com a produção voltada para a exportação, não destina recursos públicos suficientes para o pequeno agricultor. "Em relação à política agrícola, é necessário que o governo dê prioridade à produção de alimento, aos pequenos agricultores e que, definitivamente, assuma um modelo agrícola voltado à produção e ao abastecimento interno", destaca Guedes.
Os desafios, de acordo com Expedito, são grandes. A maioria dos trabalhadores não possui terra própria para cultivar. É o caso de Manoel Pereira do Nascimento, que mora no Sítio Engenho da Serra, localizado no Município do Crato. Pereira diz que, sem terra para trabalhar, faltam também os documentos para conseguir empréstimos oficiais. A mesma lamentação é endossada por Francisco Ramos Dias, residente no Sítio Muriti. Ele diz que não tem condições de participar dos programas do governo.
Grito da Terra
Estas reivindicações, segundo a coordenação do movimento, é a continuidade das atividades do "Grito da Terra", que tem como objetivo debater soluções que ajudem na melhoria do trabalho e da vida para os pequenos agricultores e os trabalhadores rurais. As lideranças querem a atualização dos índices de produtividade da terra e pedem que o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) seja transformado em lei. Os trabalhadores reivindicam também a necessidade de recomposição dos valores propostos no Orçamento da União para ações de reforma agrária, em especial para a obtenção de terra e infraestrutura. Num manifesto distribuído com os agricultores no protesto, os lideres da manifestação afirmam que "se faz necessária a mobilização conjunta de todos os trabalhadores rurais e urbanos que se sintam tocados por estas reivindicações".
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nasceu das lutas concretas que os trabalhadores rurais foram desenvolvendo, de forma isolada, pela conquista da terra, no final da década de 1970.
Preocupações
As preocupações básicas desses trabalhadores eram as típicas do mercado de trabalho capitalista: melhores salários e condições de trabalho, aposentadoria digna, transporte, saúde, fiscalização do uso de agrotóxicos e, também, reivindicações trabalhistas mais relevantes para a maioria deles.
Expedito explica que, a princípio, o Dia do Trabalhador Rural era comemorado em 25 de maio. A data foi instituída pelo Estatuto da Terra aprovado pelo Regime Militar de 64. No entanto, os movimentos populares transferiram as comemorações para 25 de julho.
Enquete
Discordância
Expedito Guedes
Líder sindical
O objetivo principal dos protestos é demonstrar que o movimento não concorda com o atual modelo econômico
Manoel Pereira do Nascimento
Agricultor
As ações do governo não chegam para todos os agricultores. A maioria é prejudicada pela burocracia
MAIS INFORMAÇÕES
Sindicato dos Trabalhadores Orgânicos da Região do Cariri
Rua José Carvalho, 448
(88) 3521.3337/ 9255.5335
Antônio Vicelmo
Repórter
FONTEW DIÁRIO DO NORDESTE

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