segunda-feira, 26 de abril de 2010

Família Disfuncional - Por Dr. César Mousinho

A família tem duas grandes funções: a de assegurar a continuidade da espécie e a de articular a individuação e a socialização. Quer isto dizer que a família tem de ser capaz de equilibrar cada pessoa do seu núcleo de maneira a estar bem consigo própria e com os outros. E isto é uma tarefa de uma vida inteira.
Os especialistas defendem que as regras lá em casa têm de ser claras, concisas, definidas e respeitadas por todos os elementos da família. É através dos limites, das regras e da organização dos subsistemas que podemos falar de famílias funcionais ou disfuncionais. Como distinguir uma da outra? Como reconhecer em qual dos grupos está a sua família? Responde os Terapeutas Familiares: Nas funcionais os papéis estão muito bem definidos. A família organiza-se em função desses papéis que cada elemento desempenha e das regras familiares, que devem ser negociadas sempre que possível. É primordial que as crianças saibam discernir o que é permitido e proibido. Uma família é considerada saudável quando nessas regras estão expressas recompensas e castigos, mas de uma forma consistente. Quando falamos de recompensas não nos estamos a referir a recompensas materiais mas de estímulos positivos. Quem não cumpre tem de ser penalizado.Todo o castigo tem de ser adaptado à idade da criança, se não for é mau-trato.
Todas as famílias têm problemas. O que muda é a maneira de lidar com eles. Nas ditas saudáveis todos os assuntos podem vir à baila, nas outras há tabus que envenenam as relações: Nas famílias disfuncionais não se discutem os problemas. Eles existem, mas não são discutidos. Os sentimentos não se expressam livremente.
Na família funcional há problemas e os problemas são chamados e discutidos no momento certo, com a pessoa certa na hora certa. As emoções e os sentimentos expressam-se. As famílias funcionais falam cara a cara, olhos nos olhos, de forma clara e concreta.
Há três estilos de educação parentais: autocrático, permissivo e negociável. Nas famílias autocráticas ganham os pais, nas permissivas ganham os filhos e nas negociáveis não há vitórias nem derrotas. Todos ganham. É positivo e saudável que filhos e pais ganhem umas vezes e percam outras. Só têm a ganhar com isso. Mas uma coisa é fundamental: o poder tem de estar do lado dos pais, pode ser negociado com os filhos mas a última palavra tem de ser dos pais.
Quando os especialistas querem perceber se à sua frente têm uma família funcional ou disfuncional procuram ver as alianças e as coligações. Sem precisar de se sentar na cadeira do psicólogo ou de um terapeuta familiar, veja lá de que lado é que se situa a sua família.Quando duas ou mais pessoas fazem uma aliança para ajudar uma terceira da família, estamos perante famílias funcionais. Quando duas ou mais pessoas se coligam para destruir uma terceira, podemos estar perante uma família disfuncional. É o caso da mãe e da filha que se aliam contra o pai ou vice-versa.
Uma família disfuncional é aquela que responde as exigências internas e externas de mudança, padronizando seu funcionamento. Relaciona-se sempre da mesma maneira, de forma rígida não permitindo possibilidades de alternativa. Podemos dizer que ocorre um bloqueio no processo de comunicação familiar. As disfunções de relacionamento e de papéis dentro das famílias podem afetar seus membros psicologicamente, tanto no contexto individual, quanto no familiar. As famílias estão doentes e podem eleger um dos membros para representar a doença da família. É o caso que muitas vezes ocorre em famílias psicotizantes: as mães, muitas vezes, possuem este poder de psicotizar algum dos filhos. Este, por sua vez, torna-se o membro doente da família, representando e assumindo toda a carga de dificuldades para si. Segundo alguns autores, a isso se chama paciente identificado. Este é o chamado bode expiatório familiar, que com a presença de um membro que assuma e representa toda a doença da família, os outros se vêem livres de seus próprios conflitos e dificuldades. A família se sente sã enquanto possui um membro doente.
Ainda que este comportamento soe doentio, ele tem que ser mantido, mesmo que para isso um membro da família seja eleito para ser ou ter o problema. Os sintomas do paciente identificado constituem a expressão de uma disfunção familiar e o tratamento deve ser feito considerando as inter-relações que se estabelecem no grupo. Sempre que se fala em família disfuncional, estamos falando de doença nas famílias. Assim, temos todo o funcionamento familiar envolvido nesse problema. Alguns autores psicanalistas, como José Bleger e Eduardo Kalina, desenvolveram bastante a questão das dinâmicas familiares. Pode-se falar em dois modelos básicos de desestruturação nas relações familiares:há as famílias cindidas e as famílias simbióticas.
Além do caso já citado das psicoses e esquizofrenias, vale lembrar a situação também bastante comum entre a família de dependentes químicos. De acordo com o psicoterapeuta familiar italiano Carmimine Saccu, em conferência realizada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, desenvolveu bastante a tese da interferência dos pais na formação de doenças psicóticas nos filhos. Filhos que crescem numa família disfuncional têm adotado um ou mais dos papéis básicos apresentados abaixo:
O Filho Bom – aquele que assume o papel de pai;

O Filho Problemático – aquele que é culpado pela maioria dos problemas e pode também ser cotado como responsável pela fidfuncionalidade da família, tornando-se às vezes o único emocionalmente estável;
O Filho Babá – aquele que se torna responsável pelo bem emocional da família;

O Filho Perdido – aquele que é inconsícuo, quieto, que necessita de mais e recebe de nada; constantemente ignorado e escondido;

O Filho Mascote – aquele que se usa de comédia para distrair os demais dos problemas familiares;

O Filho Cabeça – aquele que se torna oportunista, capitalizando sobre as faltas de seus próprios parentes para conseguir o que bem deseja.

Pais disfuncionais:

Manipuladores (pais narcisistas);

Abusadores (pais que abusam físico, verbal ou sexualmente de seus filhos para dominá-los);

Privadores;

Dogmáticos;

Pefercionismo;

Apaziguador.

Minha experiência profissional dita que tanto nas famílias Funcionais ou Disfuncionais são gerados filhos doentes e beneficiários e não sadios e empreendedores.

Fontes: Livros,Fundação Casa (Antiga Febem)SP-Capital /10 Artigo XIX– Ψ Psicólogo Jurídico Terapeuta Familiar. www.sosdrogasealcool.org

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