sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tsunami e marolinha


Delúbio Soares (*)

A indústria automobilística brasileira experimentou impressionante crescimento durante o mandato do presidente Lula. Ela representa um dos mais importantes seguimentos de nossa economia, altamente sofisticado e que serve de balizamento para avaliação do processo produtivo e do desenvolvimento.

Os resultados da indústria automobilística (veículos e máquinas agrícolas) referentes ao mês passado e ao período janeiro/novembro de 2010, além da estimativa para esse mês de dezembro, são eloqüentes: o mercado interno de veículos atingirá a marca dos 3,45 milhões de unidades em 2010, crescimento de 9,8% sobre os 3,14 milhões de unidades comercializadas no ano passado, segundo a ANFAVEA, associação que reúne as empresas montadoras automotivas. E para 2011 o setor espera uma expansão de mais de 5% na produção e vendas, o que demonstra o excelente resultado das políticas econômica e industrial do governo Lula.


Não são apenas mais brasileiros adquirindo e usufruindo de seus automóveis, utilitários prestando serviços, caminhões nas estradas escoando produção e transportando cargas ou máquinas agrícolas em nossa pujante agricultura. São mais empregos, maior geração de riqueza, aumento das divisas para o país e maior arrecadação de impostos. Pelo 17° mês consecutivo o emprego apresenta números crescentes: em novembro estavam empregados na indústria automobilística 135,9 mil trabalhadores. Esse é o maior número de postos de trabalho no setor desde 1990, quando existiam 138,3 mil vagas preenchidas.

As exportações devem também terminar 2010 com avanço, segundo a indústria automobilística, já que a base de comparação, que é o ano de 2009, é baixa em função da crise internacional que se iniciou no último trimestre de 2008. Em conseqüência do resultado do mercado interno (20% de importados) e das exportações, a produção deve encerrar-se com 3,64 milhões de veículos produzidos nas linhas de montagem de nosso moderno parque industrial, o que representa uma expansão de 14% sobre a produção do ano passado. Nem em economias do chamado “primeiro mundo” um crescimento assim se faz presente.

No governo anterior ao do presidente Lula, reinavam o desemprego e o arrocho salarial. O crédito para a grande maioria da população brasileira estava, simplesmente, bloqueado. Nossa indústria e, também, o comércio puderam sentir as conseqüências dramáticas de uma situação lamentável: o governo FHC só tinha olhos para o setor financeiro, privilegiando os bancos e cumprindo as ordens que lhe ditava o FMI. Agora, felizmente, os tempos são outros: o presidente Lula valorizou o consumo interno, levou o crédito à grande massa trabalhadora, propiciou o pleno emprego através de políticas competentes e incentivou o setor produtivo, que retomou sua vocação com notável dinamismo.


Não só na indústria automotiva – que vai das motocicletas aos ônibus e dos caminhões à sofisticadas máquinas agrícolas – pudemos ver o acerto da política desenvolvimentista de Lula, mas, também, no incentivo a outros setores como os fabricantes de fogões, máquinas de lavar, microondas, geladeiras, enfim, dos eletrodomésticos da chamada “linha branca”, que nunca, jamais, em tempo algum tiveram tanta presença nos lares brasileiros! Houve um aumento no consumo e uma elevação na qualidade de vida das famílias das classes C, D e E. A base da pirâmide social passou a consumir mais bens duráveis, a viver com mais conforto e dignidade, usufruindo de produtos que antes não estavam ao alcance de seu bolso.

De 2003 a 2010 se vendeu bem mais do dobro de eletrodomésticos do que no período de 1995 a 2002, os anos perdidos em governo sem compromisso com o desenvolvimento do país e o bem-estar de seus cidadãos. A política econômica perversa levada por FHC e sua equipe de governo, optou por atrasar o país com os juros altos, sem política industrial, sem apoio às pequenas e micro-empresas, abandonando a agricultura à própria sorte e sucateando a infra-estrutura nacional. Só o setor financeiro, com dezenas de bancos quebrados sendo socorridos pelo bilionário PROER, pode contar com a boa vontade e os cuidados do governo federal…

É bom lembrar que quando o presidente da República, visionário que é, disse que a crise de 2008 era apenas uma “marolinha” para o Brasil e incentivou o povo a comprar mais, consumir mais e usar o crédito disponibilizado, não faltou quem o criticasse da forma mais dura e desrespeitosa. De “irresponsável” a “inconseqüente” o tacharam. Da mesma forma apresentavam-se soluções miraculosas para a hecatombe que estava por aportar em nosso Brasil. Bradavam pelo desaquecimento da produção, o corte do crédito, as mais radicais medidas de contenção do avanço da indústria e do bom momento vivido por comércio e serviços. Nossa agroindústria sofreria uma queda brutal. O Brasil estava na antevéspera do caos, apregoavam os profetas do “tsunami” contra a tese da “marolinha”. Mas, Lula estava certo e absolutamente coberto de razão. Além de acalmar o país, o presidente impediu um retrocesso econômico e social sem precedentes no exato momento em que se consolidavam as vitórias conseguidas com tanto sacrifício pelo Brasil e seu povo.


Hoje o “risco Brasil” é obra dos especuladores e aproveitadores do passado, que o utilizaram de forma desabrida na campanha de 2002 contra o então candidato petista, hoje o grande presidente já consagrado pelos brasileiros. O que agora assistimos é um país amadurecido e lúcido, competitivo nos mercados internacionais, cioso de sua importância no cenário internacional e confiante em seu destino de grandeza. A presidenta Dilma Roussef, com a competência gerencial que se lhe reconhece e um profundo entendimento de nossas estruturas políticas, sociais e econômicas, seguramente consolidará e ampliará as conquistas e avanços obtidos nos dois mandatos de Lula.

(*) Delúbio Soares é professor

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