sábado, 16 de janeiro de 2010

160109 - Re-escrevendo a História: Seu Mozin II Cachaçada-Por César Mozin


Joaquim Mousinho de Oliveira nome do meu inesquecível pai, essa homenagem vem de encontros re-escrevendo nosso relacionamento quando pré-adolescente e adolescente no Crato.

Enquanto aqui em São Paulo atendo nas psicoterapias individuais e familiares, adolescentes que não respeitam seus pais, confesso que o meu veio Mozin mesmo depois de ter ido pro céu há vários anos é e sempre será o meu maior ídolo, só para vocês terem idéia não tem Senna, Pele, todos os kennedys juntos, maior que seu Mosin, meu eterno veio do Cachimbão só Jesus Cristo. A pedido do nosso velho amigo de infância Negretido vou contar para todos vocês uma outra passagem inolvidável nomeada, apelidada pelos amigos do meu pai e de todos da Vila como a Cachaçada. No final dos anos 70, um dia de sábado pela amanhã o meu tio Zezim, mais conhecido como Zezim da burra, foi tomar café lá em casa e como sempre a minha mãe D. Nair caprichou no café, pois o compadre Zezim veio tomar café com agente. Após o café o meu tio falou para o meu pai: amanhã cedo vou passa o dia no lopi, você vem comigo; claro que vou. Então amanhã cedo lá em casa, meu tio saiu e meu pai me chamou e ordenou Cesinha vá lá em Ivanildo e traga uma Pitu, uma Serra Grande e uma Kariri. Tentei ir junto, mais o Cachimbão dessa vez não deixou.

O lopi ou lopes não lembro bem, é um sitio do Dr. Luis De Borba Maranhão, que todos nos da Vila já tínhamos tido o prazer de visitar e tomar banho naquele cachoeira maravilhosa. Tio Zezim casado com a tia Graziela, era na época o braço direito do Dr. Luís para assuntos aleatórios. Claro que a viagem era na Fubica veia do meu tio que sempre ele estava pintando, mas era do tempo do ronca.

Bem, lá foram os dois passar o domingão no sítio de Dr. Luis.

Se não estou enganado foi a única vez que o tio não lotou a fubica e levou a Vila Silvestre inteira. No final da tarde, eles voltaram. Na ladeira do seu Joquinha já bem no comecim da descida o meu pai olho pro meu tio e falou: compadre que brincadeira é essa, ah, se fosse brincadeira, segura Mozin e reza a fubica ta sem freios. Meu pai falou que fechou os olhos e começou a rezar.Do nada a velocidade passou de uma fubica veia para um supersônico, Zzummmmmmmmmmm.

Bem, logo foram identificados pelos amigos, o boato chegou forte na rodinha de colegas meus que o carro do tio tinha perdido os freios, todos saímos correndo e ao chegarmos no posto de seu Antônio Almino, o responsável do posto falou-me rapaz teu pai e teu tio passaram aqui que nem um foguete. Continuamos correndo atrás da fubica. Bem confesso que estava morrendo de medo de chegar e encontrar a fubica só os pedaços e meu tio e o cachimbão mortos, mas os meninos estavam correndo muito e por não querer ficar para traz, aqueles pensamentos foram suprimidos pela necessidade de alcançá-los.

Chegamos no posto Texaço do seu Antônio Primo, e a informação é que passou o Zezim que nem uma bala, com tudo. Então pensei meu Deus meu tio não vai conseguir fazer a curva do Colégio Estadual, que durante o dia era o Grupo Escolar Francisco José de Brito onde eu cursei da 3ª Série ao 5º ano primário. E perna pra que ti quero.

Quando de repente ao chegamos na esquina, todos paramos e avistamos a fubica em cima da praça com todos os pneus estourados e dois bancos arrancados e o pé de coqueiro caído. Meu pai de pé encostado na fubica branco que nem um capucho de algodão e o meu tio debruçado na direção da fubica. Que alivio meu Deus, os dois estavam vivos. Eu e meu irmão Quincas (Joaquim Mousinho de Oliveira Filho) que foi para céu antes do combinado. Corremos, mais o Quincas foi mais rápido do que eu, pois minhas pernas estavam bambas, aproximou e disse: Bença pai, aí o cachimbão respondeu: isso é hora de pedi a bença, menino ainda estou com gosto de ..... Amargo na boca.Compadre vamo imbora. Vá na frente, vo logo. Bem da pracinha que fica na saída do Crato para Juazeiro, até em casa o Cachimbão não falou uma palavra, segurando na minha mão e na do Quinca. Chegou tomou um belo banho e armou sua rede e deitou-se.

Minha mãe estampava no rosto toda a alegria da família de vê-lo ileso, embora reclamando de dores nas costas, joelho e a mãos inchadas. O meu írmão Quincas foi avisar a tia Graciela que estava tudo bem com o tio Zezim e o nosso pai. O Cachimbão me chamou e pediu para sentar perto dele e falou vou lhe contar como foi: Quando o compadre falou segura e reza, eu pensei que nos iríamos morrer. Mas quando comecei a rezar me veio uma sensação de conforto, pois em vez de pensar que iríamos morrer na próxima esquina, comecei a agradecer as esquinas que passávamos; filho chegou uma hora lá no Joquinha que não consegui vê o chão. Agora sou sincero, Deus nos protegeu, mas o compadre fez a parte dele. Mesmo passado o sobressalto, cheguei a duvidar que o compadre conseguiria fazer a curva ali no Zé de brito sem bater ou vira a fubica.E ele falou segura Mozin vou jogar em cima da praça. Aí que eu me segurei mesmo. Quando abri os olhos a fubica estava parada onde vocês viram. Cachimbão que dito cabe aqui, apenas um, estamos vivos devido o nosso Fittipaldi, o cumpadre Zezim da Burra.

Cesinha, você sabe o significado do dito “dar com os burros nágua” mais ou menos, mas gosto que o senhor explique: DAR COM OS BURROS N'ÁGUA: A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo. Que não foi nosso caso. Demos com a Fubica na Praça.

Artigo II/10-São Paulo 15/01/2010- www.Sosdrogasealcool.org


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