sábado, 23 de julho de 2011

Juazeiro do Norte: consagração de um sonho

O centenário de Juazeiro do Norte alcançou o auge, ontem, quando se comemorou a lei de 22 de julho de 1911, que levou o antigo povoado de Tabuleiro Grande à categoria de vila e sede do novo município, tendo como primeiro prefeito o Padre Cícero Romão Baptista. A cidade viria a se transformar num dos maiores centros nacionais da devoção religiosa popular e um ativo centro comercial e produtor graças ao prestígio de seu fundador, que se tornou também um respeitado líder político em sua época.

As características que fariam de Juazeiro um centro atrativo para milhões de nordestinos em busca de um projeto de vida viável, numa região de tantas carências sociais e econômicas, e brutalizada por uma estrutura social e política então enfeixada nas mãos de uma casta proprietária insensível ao clamor do povo, foram forjadas a partir de 1871.


No Natal daquele ano um jovem sacerdote do Crato foi convidado a celebrar uma missa num ajuntamento de casas denominado Tabuleiro Grande. De natureza mística, e profundamente entranhado na cultura regional (por ser igualmente sertanejo), o padre recém-ordenado sentiu-se intimamente chamado a cuidar daquele povo.


Seguindo o exemplo de um missionário regional – o Pe. José Ibiapina – criou irmandades religiosas para servirem de polo aglutinador de sua ação pastoral. As beatas não apenas constituíam um exemplo de devoção religiosa, muito própria da região, como serviam de suporte à ação social do padre, acolhendo e orientando os órfãos. Os rumores de um milagre, acontecido através de uma beata respeitada, espalhou-se como um rastilho de pólvora pela região, atraindo para o povoado os que buscavam um porto seguro para sua fé e para sua vida.


Padre Cícero passou a ser, ao mesmo tempo, líder espiritual, conselheiro, taumaturgo e protetor dos desvalidos, dando refúgio aos que fugiam da opressão da fome e da violência política, transformando-se na autoridade moral mais acatada da região. A partir daí o povoado ganhou impulso graças à fixação no município das pessoas que deixavam suas terras de origem para tentar um novo modo de vida.


Aconselhados pelo padre, que os orientava também nas questões práticas e profissionais, dedicaram-se à agricultura, ao comércio e ao artesanato fazendo de Juazeiro um dinâmico polo de atividade econômica e grande Meca do turismo religioso no Nordeste Setentrional.


FONTE : JORNAL O POVO


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