A candidata petista participou da missa e não comungou. Disse que prefere uma posição mais recatada
FOTO: NACHO DOCE/REUTERS
12/10/2010
A candidata disse que teve um processo recente que fez retomar posições. Essa foi sua primeira visita ao local
Aparecida do Norte. Em visita hoje ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), a candidata à presidência Dilma Rousseff (PT) deu a entender que a doença que enfrentou no ano passado foi o fator que a reaproximou de Deus.
Dilma tem sofrido ataques por ter mudado suas posições religiosas desde que se tornou candidata. Em sabatina à Folha de S.Paulo, em 2007, quando era ministra da Casa Civil, afirmou que se "equilibrava nesta questão ".
"Eu tive um processo recente e este processo me fez retomar várias coisas que estavam já dentro de mim. Essas questões dizem respeito a mim e eu não autorizo, não legitimo ninguém a julgar minha crença. Acho que isso é o cúmulo do preconceito", afirmou.
Sobre as insinuações de que não é cristã, afirmou: "ninguém tem o direito de dizer qual é a minha crença, ninguém tem direito de fazer isso. Quem pode julgar sobre crença religiosa é Deus". Dilma participou ontem da missa das 9h, mas não comungou. Mais tarde explicou que prefere uma posição "mais recatada". "A minha religião diz respeito à minha convicção, é uma questão muito pessoal".
Esta foi a primeira visita de Dilma ao Santuário. Depois da missa, ela deu entrevista à TV Aparecida. Prometeu levar o trem-bala para a região, para que mais romeiros possam ir ao santuário. Sobre os motivos para ir ao local, Dilma afirmou que desenvolveu "devoção especial por Nossa Senhora Aparecida, por circunstâncias recentes". Perguntada se tinha sido o câncer linfático que enfrentou, ela afirmou que "preferia não falar sobre isso, é uma questão pessoal, privada".
Ela voltou a falar sobre os rumores de que tem sido vítima e citou diretamente a mulher de seu adversário, José Serra, Mônica Serra, e o vice de Serra, Índio da Costa. Ela atacou Serra falando da Guerra do Vietnã. "Havia uma subestimação da capacidade do Vietnã reagir. Da parte do meu adversário, não sei porque ele tem a mania de subestimar as pessoas".
Durante a visita, Dilma foi muito aplaudida, mas foi também criticada por fiéis que disseram que a visita era uma tentativa de "transformar o santuário em palanque".
DEBATE
Nova postura empolga a militância, diz Dutra
Brasília. O presidente do PT e coordenador da campanha de Dilma Rousseff, José Eduardo Dutra, defendeu a postura mais combativa da presidenciável do partido no debate realizado domingo pela Rede Bandeirantes. Ele afirmou que o momento da campanha pedia essa atitude.
Acrescentou que não teme a repercussão negativa junto ao eleitor, porque a acusação de "agressividade", segundo ele, "não atinge as mulheres". "Ela tinha que colocar essa questão da baixaria na campanha já nesse debate", defendeu.
Segundo Dutra, o adversário da petista, José Serra (PSDB), faz "duas campanhas diferentes". Uma de crítica política, que é a campanha civilizada que vai ao ar na televisão, segundo ele. "A outra é essa campanha medieval, suja, caluniosa, de panfletos clandestinos e cartazes nos postes, que remete ao período da ditadura militar. Ela tinha que desmascarar isso no debate", sustenta.
Ele não adianta se Dilma sustentará essa nova postura nos próximos embates com Serra. "Cada debate é um debate", responde, em tom evasivo. O próximo confronto entre os presidenciáveis será realizado pela Rede TV, no próximo domingo (17), em São Paulo.
O dirigente petista ressalta que a estratégia empolgou a militância, que andava amuada com a realização do segundo turno. Dutra também rebate as análises de que a postura mais combativa de Dilma possa voltar-se contra ela.
O eleitor tende a rejeitar os candidatos mais agressivos, afirmam analistas e institutos de pesquisas. "Mas essa tese não se aplica às mulheres", retruca Dutra. Segundo ele, durante a campanha, se as mulheres falam mais alto, é para se defender, não para atacar.
DONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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