sexta-feira, 11 de março de 2011

A grande Nação Pernambuco


Delúbio Soares (*)
Quem aposta contra o Brasil sempre perde, mas quem não apostou em Pernambuco, se deu muito mal. Aquela gente alegre, hospitaleira, de sotaque típico e cantado, que deu ao Brasil centenas de poetas, pintores, músicos e escritores do mais alto nível, que nos delicia com uma culinária fabulosa e com uma geografia deslumbrante, tem muito, muito mais que isso. Em 2010, o bravo Estado dos pernambucanos cresceu impressionantes 16% em seu Produto Interno Bruto, o PIB, e atraiu a significativa soma de R$ 46 bilhões em investimentos.
Mas o que é que Pernambuco tem? Sou professor de matemática, mas estudo a história de nosso país e conheço bem a de Pernambuco para responder tal indagação: tem a tradição de não se acovardar quando o Brasil precisa dos pernambucanos, de seu amor à liberdade, de seu talento como empreendedores, de sua capacidade de ver adiante.
Enquanto outros Estados, muito mais ricos, muito mais fortes, muito mais favorecidos nos anos 90 pelos governos neoliberais do tucanato, apresentaram crescimentos pífios, Pernambuco assombra o Brasil e o mundo com indicadores chineses de desenvolvimento. Enquanto no “sul maravilha” alguns governadores faziam oposição estéril e irresponsável ao governo Lula, o governador Eduardo Campos, um administrador competente e político promissor, transformava sua parceria com o presidente da República numa alavanca que recuperou anos de estagnação e decadência na vida econômica e social de Pernambuco.

Não houve privilégios para Pernambuco. Pernambuco é que teve o privilégio de ter competência. Uma geração de administradores jovens e futurosos, como Eduardo Campos, João Paulo, Armando Monteiro Neto, Fernando Bezerra Coelho, Humberto Costa e outros, está fazendo sua parte e dando continuidade ao processo histórico de desenvolvimento econômico com protagonismo político que realçou sempre a presença daquele Estado nordestino ao longo da história brasileira.
Com a mesma bravura e a mesma fúria com que fizeram revoluções, expulsaram colonizadores holandeses e combateram os lusitanos dominadores, se adiantaram ao restante do país em diversas iniciativas econômicas, os pernambucanos estão fazendo do subdesenvolvimento uma página virada, trocando a cantilena do derrotismo pelo ronco dos motores, pela estridência das sirenes que anunciam a mudança dos turnos que ocupam às 24 horas de todos os dias da semana no verdadeiro canteiro de obras em que se transformou o Estado moderno, visionário, sedento de mais investimentos, ávido de mais empresas que ali se instalem e gerem empregos e divisas.
Faz poucos anos e essa terra vivia da audácia de brilhantes empreendedores locais como João Santos, Eduardo Santos, Armando Monteiro Filho, João Carlos Paes Mendonça, Edson Moura, José Pessoa de Queiróz Bisneto, Antônio Queiróz Galvão, Ricardo e Cornélio Brennand e outros poucos de igual valor e competência. Hoje eles ou seus herdeiros e sucessores continuam na vida empresarial, mas também se multiplicaram e são milhares de jovens empreendedores, de empresas internacionais, de fundos de investimentos, dos que elevaram a renda per capita estadual à casa dos quase R$ 10 mil, bem acima da média nordestina de R$ 7,5 mil. Os quase nove milhões de pernambucanos tiveram suas vidas diretamente mudadas para melhor com os investimentos realizados ao longo do governo Lula, com a implantação de estaleiros, refinarias, ferrovia e petroquímica, além de um renascimento daquele que sempre teve fundamenta papel político dentre as unidades da Federação.
Um publicitário olhando qualquer região pernambucana – capital, mata, agreste e sertão – e vendo a terra da promissão em que se transformou o antigo Estado dividido por “coronéis” e chefetes políticos, castigado pela seca e pelo descaso oficial, diria que o Pernambuco de hoje é um “case” de sucesso. E é sim. Mas, é a conjugação de fatores que se congregaram para mostrar ao Brasil que Pernambuco aproveitou oportunidades que São Paulo, por exemplo, perdeu; que Eduardo Campos governou Pernambuco de olho no desenvolvimento do Estado e na realização do progresso, deixando de lado qualquer veleidade pessoal ou projeto que atazanou tanto a vida dos que governaram Estados muito mais ricos e poderosos e amargaram índices ridículos se comparados aos impressionantes 16% da terra dos Guararapes; é a prova do que um governador e um prefeito de capital irmanados podem fazer, como foi o caso de Eduardo com o competentíssimo então prefeito João Paulo, que recuperou o brilho de Recife, uma das mais belas cidades de nosso país; é fruto do esforço de uma equipe de governo jovem, audaciosa, com comprometimento com metas estabelecidas, onde figuras como o então secretário Fernando Bezerra Coelho, por exemplo, cumpriram importante papel na atração de investidores nacionais e estrangeiros. Eduardo foi o governador de Estado reeleito com a maior votação proporcional do país e a maior da história de Pernambuco. João Paulo foi o deputado federal mais votado em Pernambuco e o mais votado do PT em todo o Brasil. Fernando hoje é o atuante ministro da Integração Nacional da presidenta Dilma Rousseff.
O turismo dá saltos de qualidade, valorizando um dos litorais mais belos do continente, a serra de Gravatá onde - incrivelmente - em pleno sertão nordestino o inverno se apresenta; a feira de Caruarú, cantada pelo inesquecível e genial sanfoneiro Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião", outro orgulho de Pernambuco, é um dos espetáculos de cor, som, alegria e trabalho do povo sertanejo; as festas de São João se revestem de beleza ímpar, que emocionam tanto pela profunda tradição quanto pela manifestação cultural em sí; o "Galo da Madrugada", o maior bloco carnavalesco do mundo, arrastando pelas ruas e becos seculares da líndissima Olinda milhares de foliões a cada carnaval, são um capítulo a parte, no calendário turístico internacional. Pernambuco, de A a Z, não fica nada a dever a nenhuma outra terra.
Pernambuco é um notável exemplo para o Brasil. Seu crescimento é galopante, mas sustentável. Sua população aprovou uma forma moderna e competente de governar e varreu da cena política os caciques decadentes e improdutivos. Seu governo não tem compromisso com o atraso, apenas com o que pode dar certo. Seu empresariado é empreendedor e soube adaptar-se aos novos tempos, descolando-se da monocultura sucroalcooleira. Novas indústrias se implantam por todo o Estado, novas vocações foram desenvolvidas em todas as regiões, como a fruticultura no Vale do São Francisco, fazendo de Petrolina uma das melhores cidades do país. Os indicadores de desenvolvimento humano se ainda deixam a desejar, são bastante superiores aos de antes e não param de apresentar melhoras.
Essa terra que gerou políticos do porte de Agamenon Magalhães, Miguel Arraes (cearense que adotou Pernambuco com amor e devoção), Pelópidas Silveira, Marcos Freire e Carlos Wilson; que deu-nos gênios como Manuel Bandeira, Cícero Dias, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, Francisco Brennand, João Câmara e muitos outros, está se recolocando novamente no cenário nacional, com a força de um maracatu, com a alegria de um frevo. E como naquele verso de mestre Ascenso Ferreira, Pernambuco embarca num trem e “vai danado prá Catende”. Mas não é prá Catende. É para um futuro para lá de glorioso.

(*) Delúbio Soares é professor

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