sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O GRANDE BANCO DOS BRASILEIROS Delúbio Soares (*)


Os homens que cultivam a terra e fazem do agronegócio uma das faces do país vitorioso do século XXI; nossos empreendedores que ousam e investem em todos os setores da economia nacional; os empresários que ultrapassam nossas fronteiras e conquistam mercados nos cinco continentes; o pequeno, médio ou grande comércio, os serviços e a indústria, além de todo aquele que acredite em nosso país e em suas potencialidades, ou, simplesmente, a cidadã ou cidadão que necessite de apoio à suas necessidades mais urgentes de financiamento básico, sabem com quem podem contar.
Há exatos 202 anos, os brasileiros têm uma das mais antigas, sólidas e competentes instituições de crédito, financiamento à produção e fomento social, de todo o mundo. O Banco do Brasil foi fundado em 1808 por iniciativa de Dom João VI, que, logo após, determinou o lançamento de uma oferta pública de ações, buscando junto aos brasileiros os recursos necessários para a capitalização daquela que viria a ser uma das maiores e mais poderosas instituições financeiras do mundo. A Bolsa de Valores, criada em 1819 e inaugurada dois anos depois, nasceu do apoio integral do BB, que financiou a construção de sua sede e iniciou uma parceria sólida e duradoura com o nascente capitalismo brasileiro, que se estende até os dias de hoje e gerou excelentes frutos para a livre iniciativa e o desenvolvimento de nosso país.
A indústria ainda incipiente, o comércio fervilhante e a forte agricultura encontraram na primeira instituição bancária oficial o apoio indispensável para que enfrentassem as turbulências políticas da primeira metade daquele século. Já no limiar da fundação de nosso maior banco, algumas características se firmaram e o distinguiriam pelos séculos adiante: uma identificação total com o Brasil e os brasileiros, absoluto conhecimento de nosso território, seus problemas e potencialidades e, também, a formação de um corpo funcional de altíssima categoria e excelente formação técnica, comprometido com a instituição, seus valores e uma visão generosa de participação efetiva na vida dos brasileiros e na alavancagem do desenvolvimento social e econômico do Brasil.
Quando, em 1822, Dom Pedro I proclama nossa independência, é o Banco do Brasil quem financia a construção de escolas e hospitais, além de equipar a frota de nossa Marinha para que enfrentasse as últimas resistências lusitanas e consolidasse a libertação da colônia explorada que se transformava em grande Nação. Logo em seguida, a mais extraordinária figura da história de nosso capitalismo, o genial Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, lança um “novo” Banco do Brasil, com impressionante aporte de recursos, em subscrição jamais vista para os padrões da época, e planta as bases para a moderna e pujante instituição que continuaria a fazer história. Por essa época institui-se a meritocracia no banco, com concursos públicos para o preenchimento de vagas, além dos planos de carreira, algo absolutamente inédito. Diante das centenas de outros bancos já existentes, o BB se destacava pela solidez, modernidade e comprometimento com o Brasil e sua gente.
Poderia enumerar diversos episódios em que a participação efetiva e determinante do BB foi fundamental e absolutamente indispensável, como no governo do presidente Getúlio Vargas, na “Marcha para o Oeste”, onde financiou a compra de milhares de hectares de terras para que fossem incorporados ao processo produtivo. Ou o papel impressionante da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial, que durante décadas foi a mola propulsora de nosso desenvolvimento, operando transformações impressionantes no cenário econômico-social, com a criação de milhões de empregos e o fortalecimento do processo produtivo em todas as suas etapas e nos mais diversos segmentos. Ou ainda o que significado da CACEX, a carteira de exportação, instrumento efetivo de apoio ao empresariado na conquista de mercados mundo afora quando isso ainda era uma epopéia e longe das facilidades dos dias de hoje, os da globalização. E mais: o Banco do Brasil teve um papel importantíssimo como fomentador de políticas de desenvolvimento, denominadas de “anticíclicas”, que foram fundamentais para que o Brasil fosse o último país a ser afetado pela crise econômica mundial de 2008. Pouco sofremos se comparados a outras economias de igual porte.
Naquela ocasião o presidente Lula antecipou os acontecimentos descrevendo-os como uma “marolinha”. Choveram críticas da oposição e dos colunistas econômicos. Porém, mais uma vez a história deu razão ao Estadista. O BB atendeu de pronto o chamamento do presidente Lula, e, enquanto os bancos privados encolheram o crédito em 2008, o grande e secular banco dos brasileiros prontamente disponibilizou volumosos recursos para manter o ritmo de crescimento econômico do Brasil. O tsunami que arrasou as economias norte-americana e européia foi mesmo uma marolinha no Brasil, e o BB teve grande responsabilidade nesse excelente resultado.

Agora, novamente, o mundo está às portas de um período de recessão. Empurrado pela crise da brutal dívida dos EUA e a crise na Zona do Euro, vislumbramos tempos difíceis. Assim como em 2008, o Banco do Brasil irá ter papel ímpar para blindar a economia brasileira, fortalecendo nosso mercado interno, através da experiência adquirida em fomentar nossas empresas, acreditar em nossos empreendedores, apoiar nossos cidadãos.
Este papel tende a se fortalecer e multiplicar com a recente aquisição do Banco Postal, que a partir de janeiro de 2012 coloca o Banco do Brasil em todas as cidades brasileiras atuando em conjunto com a Empresa Brasileira de Correios e Telegrafo (ECT). Ou seja, o BB adquire mais capilaridade para agir tanto no micro-crédito, quanto como agente bancário e proporcionar a inclusão ao sistema financeiro nacional de milhões de pequenos correntistas, pequenos poupadores, micro e pequenos empresários e os que labutam na economia informal.
O Banco do Brasil completou 90 anos de atuação no meu Estado de Goiás. Os números são impressionantes! Mais de R$ 5 bilhões contratados em carteira, agregando imenso valor para a economia do Estado. Mais de 96 mil empregos diretos e indiretos gerados. Um total de 17.649 contratos dos 35.550 celebrados nos Estados do Centro-Oeste, totalizando 49,65% do volume de investimentos. Baixíssima inadimplência: 1,25% nos contratos do FCO, contra 4,33% (DF), 2,09% (MS), 3,78% (MT).
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável Regional (DRS), implementado pelo BB em Goiás, garante práticas sustentáveis e de grande responsabilidade social. São 141 projetos em meu Estado, totalizando R$ 385 milhões já investidos e que beneficiam 38 mil famílias. Destaque para a da lucrativa cultura do açafrão no Município de Mara Rosa, na região norte, onde centenas de famílias estão envolvidas neste vitorioso experimento produtivo que transformou a cidade na Capital do Açafrão na América Latina.
Na Agricultura Familiar, o BB disponibilizou R$ 830 milhões no Estado, com 50 mil famílias beneficiadas. A Fundação BB investiu R$ 40 milhões na construção de 70 Telecentros, levando a inclusão digital para centenas de milhares de crianças e adultos, sendo que outros 130 estão em fase de instalação. O Projeto “AABB Comunidade” proporciona lazer, esporte e educação em música, artes plásticas e cênicas a mais de 3 mil crianças goianas, descobrindo talentos e incentivando vocações artísticas de nossa gente mais simples.
Os números do Banco do Brasil em Goiás são impressionantes: 1,16 milhões de correntistas; 70 mil contas empresariais; carteira agrícola com R$ 7 bilhões exclusivamente destinados ao investimento na produção goiana; 2 mil funcionários; 418 pontos de atendimento; presença em 141 Municípios e caminhando para atendimento nos 246 restantes, através da parceria com os Correios no Banco Postal.
Houve um tempo em que se privatizou a preço de banana o patrimônio público. Algumas das melhores e maiores empresas nacionais, que custaram muito aos brasileiros, foram doadas por menos dinheiro do que havia no próprio caixa. Impossível esquecê-lo. Mas nem os que cometeram tal desatino, ousaram tocar num patrimônio histórico, secular e que orgulha os brasileiros. Mais que uma instituição financeira, o Banco do Brasil é um dos sinônimos de competência, trabalho e grandeza do povo brasileiro.
(*) Delúbio Soares é professor
companheirodelubio@gmail.com

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