Delúbio Soares (*)
O governo do presidente Lula foi marcado por grandes obras. São obras físicas, mas também são iniciativas de profundo humanismo. Elas estão em todos os setores da vida nacional e, especialmente, no dia-a-dia de dezenas de milhões de brasileiros. São os que passaram da situação de miserabilidade para a classe média, comendo três vezes ao dia, readquirindo os direitos usurpados pelo Brasil do passado, da fome, da segregação social, dos governos descomprometidos com a cidadania e os destinos do país. São os brasileiros afro-descendentes e indígenas, são os filhos do povo, que adentraram os campus de nossas universidades em busca de um futuro profissional por obra do Pro-Uni. São milhões de trabalhadores, homens e mulheres, que não mais vagam em busca de um posto de trabalho e nem sofrem com o flagelo já banido do desemprego, trabalhando pela grandeza do país e assegurando dignidade e conforto às suas famílias.
As obras físicas do governo do presidente Lula são muitas e de notável importância. Elas foram impulsionadas pelo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, o maior elenco de realizações da União desde o vitorioso governo do presidente JK. E a presidenta Dilma já deixou claro o seu comprometimento com a continuidade de uma política desenvolvimentista, tocando grandes e fundamentais obras de infra-estrutura que se fazem absolutamente necessárias para um país que vive momento extraordinário de sua história.
Chegamos a uma situação singular: o presidente Lula conseguiu reverter o quadro caótico em todos os setores da vida nacional, a “herança maldita” recebida dos tucanos em 2003, e, com seu espírito visionário fez um governo comprometido com a grande massa do povo brasileiro e com políticas públicas voltadas para o crescimento econômico e a redenção social dos brasileiros. Teve pleno sucesso, deixando para a presidenta eleita, Dilma Rousseff, um país diverso daquele Brasil derrotado, desmoralizado e aparentemente sem futuro, fruto de um governo neo-liberal e sem compromissos para com a Nação e seu povo.
Considero que o governo Lula deu três importantes passos em setor fundamental para o desenvolvimento econômico, com larga penetração em nossa vida social: a séria retomada do sistema ferroviário, com o avanço das obras da Ferrovia Norte-Sul, fundamental para o agronegócio e para o progresso das regiões centro-oeste e norte; a iniciativa da construção do trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo, cortando o sul fluminense, o Vale do Paraíba e se estendendo até a importantíssima cidade de Campinas e, por fim, a decisão de iniciar as obras da Ferrovia Oeste-Leste, que nasce no litoral sul da Bahia, passa pelo São Francisco, corta o oeste baiano e chega ao coração do Tocantins, beneficiando uma das mais futurosas regiões agrícolas do país.
O Brasil volta seus olhos, novamente, para uma modalidade de transporte vitoriosa em todo o mundo: econômica, sustentável e de comprovada eficiência logística. Não poderíamos fazer escolha melhor. Ainda hoje pagamos a conta de um erro grave, o de se abandonar a ferrovia em benefício das estradas, de prescindir do trem em favor do transporte rodoviário. Os altos custos e os imprevistos a que estamos sujeitos na dependência do caminhão como peça-central do escoamento das produções agrícola e industrial, além de distribuidor e abastecedor dos centros consumidores, são prova de que o transporte ferroviário precisa voltar a ser forte integrante de nossa economia.
A Ferrovia Oeste-Leste (FIOL) terá suas obras iniciadas em 2011, já no governo da presidenta Dilma Rousseff. É um dos principais projetos do PAC e seus trilhos cortarão 1.490 km do sertão brasileiro, gerando mais de 30 mil empregos e sendo um investimento da ordem de R$ 4,2 bilhões. Sua malha irá beneficiar diretamente o Estado da Bahia e toda a atividade econômica do Tocantins, com grande influência, ainda, nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Goiás, além do Distrito Federal e norte de Minas Gerais.
A conexão da Oeste-Leste com a Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópolis (TO), oferece ao Brasil central uma saída para o mar, possibilitando que o Porto de Ihéus se torne em muito pouco tempo um dos mais importantes de nossa infraestrutura portuária. São milhares de empresas que já se preparam para, dentro de poucos anos, utilizar os trilhos da nova ferrovia para o escoamento de suas produções. Da histórica cidade baiana de Caetité, por exemplo, serão escoados pela FIOL mais de 19 milhões de toneladas de minério de ferro anualmente, partindo do porto de Ilhéus para mercados internacionais em todos os continentes. A soja plantada em toda a fértil região oeste da Bahia, no além São Francisco, chegará aos portos de todo o mundo com custos muito menores de escoamento a cada safra. Tal operação já se iniciará em 2013, com uma geração de empregos, arrecadação de impostos, mais divisas e uma onda de desenvolvimento para toda a região abrangida pela ferrovia, com grandes e positivas transformações em seu espectro social e econômico.
Já a implantação do chamado “trem-bala” ligando nossos dois maiores centros urbanos, recupera o tempo perdido pelo Brasil em um setor onde países como a Espanha estão operando há mais de quatro décadas. A participação de consórcios europeus e orientais na disputa pela construção da obra mostra sua grandiosidade e importância, assegurando grandes investimentos, geração de empregos e inequívocos benefícios para a mais rica região do nosso país.
Ainda nos debatemos com problemas graves em nossa estrutura social, com questões delicadas a serem resolvidas nas áreas da saúde, da habitação, da segurança pública e da educação. E desconhecê-los ou minimizá-los é um erro que o governo de Lula não cometeu e, seguramente, o de Dilma não o fará. Mas, ao mesmo tempo em que nos defrontamos com tais questões, já temos outra agenda extremamente positiva, não vista em nossa vida institucional há muitas décadas. Podemos, com a segurança de um presente de acertos e a confiança em políticas que estão mudando o Brasil para muito melhor, tratar das questões do desenvolvimento sustentável e da infraestrutura que irá amparar o notável crescimento que nos espera logo ali, num futuro que já está chegando pelas mãos, pelo esforço e pelo mérito de um povo invulgar e vitorioso. O futuro vem pelos trilhos de nossas novas ferrovias.
(*) Delúbio Soares é professor
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