Ricardo Noblat
Sem tolices, por favor. Queriam o
quê? Que precisando contratar médicos para fixar no interior do país o governo
não o fizesse só por que os nossos têm outros planos? Ou então que contratasse
estrangeiros, mas não cubanos por que eles vivem sob uma ditadura?
Com quantas ditaduras o Brasil mantém
relações? Sabe em que governo o Brasil reatou relações diplomáticas com Cuba?
No do conservador José Sarney. Pois não é?
Desembarcaram por aqui no último fim
de semana os 400 médicos cubanos que aceitaram trabalhar durante três anos nos
701 municípios rejeitados por brasileiros e estrangeiros em geral inscritos no
programa “Mais Médicos”
São municípios que exibem os piores
índices de desenvolvimento humano do país, 84% deles situados no Norte e no
Nordeste. Os nossos médicos brancos e de olhos azuis não topam servir onde mais
precisam deles.
Médicos brancos e de olhos azuis...
(Olha o racismo aí, gente!) O que eles querem mesmo é conforto, um consultório
para chamar de seu e bastante dinheiro. Igarapés? Mosquitos? Casas de pau a
pique? Internet lenta? Medicina, em parte, como uma espécie de sacerdócio?
Argh!
Mas a Constituição manda que o Estado
cuide da saúde das pessoas. E para isso ele lançou um programa. Acusam o
programa de ter sido concebido sob medida para reeleger Dilma. E eleger
governador de São Paulo o ministro Alexandre Padilha, da Saúde.
Outra vez suplico: “sin tonterías,
por favor”. Queriam o quê? Que podendo atender o povo e ganhar uns votinhos
eles abdicassem dos votinhos?
Sarney (ele insiste em voltar!)
inventou o Plano Cruzado em 1986 para manietar a inflação. Manietou-a tempo
suficiente para vencer a eleição daquele ano. Com a falência do plano foi
apedrejado no Rio.
O Plano Real elegeu Fernando
Henrique. O que restou do plano o reelegeu.
O Bolsa Família reelegeu Lula, que
elegeu Dilma, que terá de suar a camisa para se reeleger. Andar de moto não
sua...
Ah, mas um programa ambicioso como o
“Mais Médicos” deveria ter sido discutido exaustivamente pela sociedade antes
de começar. Deve ter sido discutido, sim, pelo governo, ouvidos também seus
marqueteiros.
Importa que funcione bem. Do
contrário a gente mata a bola no peito e sai por aí repetindo até perder a voz:
“Eu não disse? Não disse?”
Outra coisa: quem sabe o fracasso do
programa não derrota Dilma? Hein? Hein? Ela é tão fraquinha... Não fará falta.
Se comparado com ela, Lula faz. No mínimo era mais divertido.
Médico cubano não fala português
direito! (Ora, tenham dó. Eu passo.) Não podem ser tão bem preparados. Podem e
são. Estão em dezenas de países. Até no Canadá. Até na Inglaterra.
Ministro da Saúde, José Serra foi à
Cuba conhecer como funcionava o sistema de atendimento médico comunitário.
Voltou encantado.
No final dos anos 90, o governo do
Tocantins importou 210 médicos, 40 enfermeiros e oito técnicos cubanos. Sucesso
total.
Sei: coitado do médico cubano! A
maior parte dos R$ 10 mil mensais a que terá direito ficará com o seu governo.
E ele não poderá trazer a família. Os demais médicos estrangeiros poderão
trazer a mulher e até dois filhos.
Também tenho pena deles. E deixo aqui
como sugestão: entre tantas passeatas marcadas para 7 de setembro por que não
fazemos uma pedindo o fim da ditadura cubana? Ou pelo menos melhores salários
para os médicos da ilha? Já pensou? Abrindo a passeata, representantes de
entidades médicas. De jaleco. Atrás, um mar de bandeiras vermelhas para animar
a turma. Fechando a passeata, o bloco dos vândalos. E tudo filmado pelos
ninjas!
Compartilho o receio de os médicos
estrangeiros se frustrarem com a carência de equipamentos no Brasil. Se eles
faltam até nas maiores cidades, imagine nas terras do fim do mundo? Se faltam
remédios... Ainda assim é melhor ter médicos a não tê-los.
Em certos casos só se resolve
problema criando problema. E haverá sempre o recurso à passeata. Se negarem o
que pedimos... Se rolar grossa pancadaria...
Cuide-se, Dilma!
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