27/08/2013 - 09h01
O perfil dos médicos cubanos é o
seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por
missões em outros países, fizeram residência, parte deles ( 20%) cursaram
mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização.
Para quem está preocupado com o cidadão
e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: essa formação é
suficiente?
Aproveito essa pergunta para apontar o
que vejo como uma absurda incoerência - uma incoerência pouca conhecida da
população - de dirigentes de associações médicas. Um dos dirigentes, aliás,
disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja
só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela
ética.
Provas têm demonstrado que uma boa
parte dos alunos formados nos cursos de medicina no Brasil não está apta a
exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a culpa, se da escola ou
do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz.
Mesmo sendo reprovados nos testes, os
estudantes ganham autorização para trabalhar.
Por que essas mesmas associações, tão
furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho para denunciar
alunos comprovadamente despreparados?
A resposta encontra-se na moléstia do
corporativismo.
Se os brasileiros querem tanto essas
vagas por que não se candidataram?
Será que preferem que o pobre se dane
apenas para que um outro médico não possa trabalhar?
Sinceramente, sinto vergonha por
médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a
jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve
o Catraca Livre,
eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É
morador da Vila Madalena
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