EDITORIAL
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· Começou ontem efetivamente o 12º censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, com o trabalho de 192 mil recenseadores visitando 58 milhões de domicílios e percorrendo 8,5 milhões de quilômetros quadrados em busca do tamanho efetivo da população brasileira. O avanço da tecnologia vai permitir, pela primeira vez, a realização de um recenseamento totalmente informatizado. Seu planejamento foi concebido de tal forma a oferecer essa informação ao País no dia 27 de novembro vindouro.
As estatísticas oficiais estão quase sempre com defasagem da realidade. Isso porque o País não estimula o fornecimento das informações imprescindíveis ao desenvolvimento nacional. Tem raízes históricas esse temor, por suposição do aproveitamento desses dados para efeito de lançamento tributário, circunstância afastada legalmente. Mas, como o governo nunca esgota a sede de arrecadação, a desconfiança persiste.
Entretanto, uma razão maior prevalece sobre essa preocupação. O Brasil precisa conhecer sua realidade e estabelecer o tamanho do contingente humano distribuído por 5.565 municípios integrantes das 27 unidades da Federação. Por isso, esta será a mais ampla pesquisa realizada para traçar o perfil socioeconômico do País, um trabalho de campo previsto para ser concluído em três meses ao custo de R$ 2 bilhões.
Em censos anteriores, as maiores dificuldades se concentravam na recusa da população em fornecer informações corretas ao IBGE. Depois, as barreiras começaram a se voltar para as visitas domiciliares, especialmente nas regiões de maior poder aquisitivo. Neste ano, esses obstáculos se multiplicarão, por conta da violência dos assaltos até mesmo em condomínios fechados, dotados de sofisticados recursos de segurança familiar. No Censo de 2000, esse problema predominou.
O IBGE tem agido de forma pontual recorrendo à colaboração dos síndicos dos condomínios, viabilizando, até mesmo, a escala de entrevistas com os moradores, de modo a não haver o menor receio em relação à presença de estranhos no seio dos residentes. Essa forma civilizada de atuação e o apoio da maioria dos síndicos reduzirem substancialmente a resistência de algumas famílias em passado recente.
A autarquia com atribuições de produzir as estatísticas não poderá manter seus arquivos eletrônicos atualizados se não houver, da parte do público, a compreensão imprescindível à montagem das planilhas contendo os dados mais recentes. O acervo do IBGE serve ao Brasil como um todo. Quanto mais próximo do real o informe, melhor será o conteúdo a ser disponibilizado nos relatórios setoriais.
Outra particularidade prevalecente: os questionários empregados dizem respeito aos dados genéricos. Não podem ser individualizados. O pessoal técnico selecionado pelo IBGE para o recenseamento da década tem nível à altura do desempenho exigido. Uma campanha publicitária facilitará o trabalho dos pesquisadores, apoiados em documentos de identificação e na retaguarda do órgão público para dirimir quaisquer dúvidas. A aceitação dessa coleta pelos domicílios com visitas programadas possibilitará saber quantos somos agora.
FONTE : Diário do Nordeste
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