Por Stela Maria Siebra Brito
Joaquim
Valdevino de Brito nasceu, se criou e morou grande parte da sua vida na Ponta
da Serra. Por conta das coisas do destino foi morar longe, mas nunca esqueceu
sua terra. Nunca esqueceu do cheiro da terra, da espera por um bom inverno, das
roças, da festa de São José, das enchentes do rio Carás, da safra de pequi, da
feira do Crato, da serra do Juá nem da serra do Araripe.
Seu coração
sempre esteve ligado às coisas da Ponta da Serra, lembrando as histórias
vividas. Foram inúmeras as histórias de sua vida que ele nos contou, dos tempos
de menino e de quando já era homem feito, que é impossível não se fazer um
retrato da Ponta da Serra daquele tempo através dos seus relatos. Joaquim
Valdevino e seus contemporâneos são parte da história da Ponta da Serra, porque
eles ajudaram a construir essa vila.
Um exemplo é
a construção da Igreja, que foi realizada num sistema de mutirão, com a
participação de homens carregando as toras de madeira das matas, enquanto
outros iam cuidando do levantamento das paredes.
Anos mais tarde, foi criada a
Irmandade de São Vicente, da qual Joaquim fazia parte atuando como secretário.
Lembro
também dele dizendo: “lá
na Ponta da Serra onde eu nasci, me criei, casei e criei meus filhos, naquele
sertão muitas vezes seco, a gente que era agricultor levava uma vida muito
dura, mas eu desde menino trabalhei muito, e até mesmo nos anos de seca eu
botava roça, na esperança que a chuva viesse e muitas vezes vinha mesmo”.
Acho natural
que as novas gerações não saibam quem foi Joaquim Valdevino de Brito, assim
como certamente não sabem quem foram outras pessoas das famílias antigas da
Ponta da Serra, como os Bernardo, os Leite, os Correia, os Ribeiro, os Brasil,
os Xenofonte, etc. Atualmente, na Ponta da Serra, seus irmãos mais conhecidos
são Raimundo Valdevino, José Valdevino, Maria Valdevino e João Valdevino.
A história
que os primeiros e, portanto, antigos moradores contavam é cheia de fatos que
relatam o cotidiano de agricultores e pequenos proprietários de terra numa luta
constante contra as dificuldades não só impostas pela natureza com os
constantes anos de estiagem, mas de um tempo onde não existiam as facilidades
de hoje, trazidas pela energia elétrica, os meios de transportes e
comunicações, as escolas públicas, o posto de saúde, etc.
Antigamente
iam para a feira no Crato a cavalo ou a pé, enfrentando chuvas fortes, estrada
enlameada, ou um sol escaldante, se era ano seco. O progresso para a época foi
a chegada de um caminhão que, por iniciativa de Joaquim Valdevino vinha fazer o
transporte dos queijos que ele fabricava, e também carregava o povo que ia para
a feira do Crato. Era uma espécie de
transporte coletivo, que veio aliviar a dificuldade das viagens para a cidade.
Nesse tempo Joaquim Valdevino fabricava manteiga da terra e queijo de manteiga.
A primeira padaria que existiu na Ponta da Serra foi aberta por ele. Mais tarde
trabalhou no posto da Coletoria Estadual que havia na Ponta da Serra. Depois
foi morar no Crato, estabelecendo-se como comerciante. Muitos anos depois foi
residir com quase toda família no estado de Pernambuco.
Um comentário:
Valeu Toinho. Um abração.
stela
Postar um comentário