sexta-feira, 26 de junho de 2015

JOAQUIM VALDEVINO DE BRITO E A PONTA DA SERRA

Por Stela Maria Siebra Brito






Joaquim Valdevino de Brito nasceu, se criou e morou grande parte da sua vida na Ponta da Serra. Por conta das coisas do destino foi morar longe, mas nunca esqueceu sua terra. Nunca esqueceu do cheiro da terra, da espera por um bom inverno, das roças, da festa de São José, das enchentes do rio Carás, da safra de pequi, da feira do Crato, da serra do Juá nem da serra do Araripe.
Seu coração sempre esteve ligado às coisas da Ponta da Serra, lembrando as histórias vividas. Foram inúmeras as histórias de sua vida que ele nos contou, dos tempos de menino e de quando já era homem feito, que é impossível não se fazer um retrato da Ponta da Serra daquele tempo através dos seus relatos. Joaquim Valdevino e seus contemporâneos são parte da história da Ponta da Serra, porque eles ajudaram a construir essa vila.
Um exemplo é a construção da Igreja, que foi realizada num sistema de mutirão, com a participação de homens carregando as toras de madeira das matas, enquanto outros iam cuidando do levantamento das paredes.
Anos mais tarde, foi criada a Irmandade de São Vicente, da qual Joaquim fazia parte atuando como secretário.
Lembro também dele dizendo: “lá na Ponta da Serra onde eu nasci, me criei, casei e criei meus filhos, naquele sertão muitas vezes seco, a gente que era agricultor levava uma vida muito dura, mas eu desde menino trabalhei muito, e até mesmo nos anos de seca eu botava roça, na esperança que a chuva viesse e muitas vezes vinha mesmo”.
Acho natural que as novas gerações não saibam quem foi Joaquim Valdevino de Brito, assim como certamente não sabem quem foram outras pessoas das famílias antigas da Ponta da Serra, como os Bernardo, os Leite, os Correia, os Ribeiro, os Brasil, os Xenofonte, etc. Atualmente, na Ponta da Serra, seus irmãos mais conhecidos são Raimundo Valdevino, José Valdevino, Maria Valdevino e João Valdevino.
A história que os primeiros e, portanto, antigos moradores contavam é cheia de fatos que relatam o cotidiano de agricultores e pequenos proprietários de terra numa luta constante contra as dificuldades não só impostas pela natureza com os constantes anos de estiagem, mas de um tempo onde não existiam as facilidades de hoje, trazidas pela energia elétrica, os meios de transportes e comunicações, as escolas públicas, o posto de saúde, etc.                         
Antigamente iam para a feira no Crato a cavalo ou a pé, enfrentando chuvas fortes, estrada enlameada, ou um sol escaldante, se era ano seco. O progresso para a época foi a chegada de um caminhão que, por iniciativa de Joaquim Valdevino vinha fazer o transporte dos queijos que ele fabricava, e também carregava o povo que ia para a feira do Crato.  Era uma espécie de transporte coletivo, que veio aliviar a dificuldade das viagens para a cidade. Nesse tempo Joaquim Valdevino fabricava manteiga da terra e queijo de manteiga. A primeira padaria que existiu na Ponta da Serra foi aberta por ele. Mais tarde trabalhou no posto da Coletoria Estadual que havia na Ponta da Serra. Depois foi morar no Crato, estabelecendo-se como comerciante. Muitos anos depois foi residir com quase toda família no estado de Pernambuco.





Um comentário:

Stela disse...

Valeu Toinho. Um abração.
stela