por Stela Maria Siebra Brito
Quando éramos crianças papai
reunia a meninada ao seu redor e, sob a luz de um candeeiro de querosene,
costumava nos contar fabulosas histórias de trancoso, cheias da riqueza, da magia
e do encanto do imaginário proveniente da nossa herança indígena, africana e
portuguesa.
Grande fascínio aquelas
histórias exerciam sobre nós!
Depois, quando já éramos todos
adultos, papai nos emocionou contando histórias reais: as da sua vida. Eram
histórias simples do cotidiano de um sertanejo, histórias que retratavam a
singeleza da vida daqueles que aguardam a chegada do inverno para plantar e
garantir a sobrevivência da família, histórias repletas de lições práticas de
um homem que desde criança buscava alternativas criativas para vencer as
adversidades da vida.
Das muitas histórias que
Joaquim Valdevino contava, queremos destacar especialmente uma que traduz bem
seu espírito de luta, de fé e confiança no trabalho.
Era o final de um ano seco e não adiantava plantar nada, pois todos
falavam que não adiantava, “só se ia perder semente...”
Mas ele não se conformava com aquela pasmaceira de estiagem prolongada,
não podia ficar sem fazer nada, só olhando para um céu sem nuvens e sem
promessa de chuvas. Estava para chegar um novo ano... quem sabe não chovia em janeiro, fevereiro ou
em março, com as bençãos de São
José?
Vislumbrou em sua mente o branco de um algodoal. Seu coração acatou com confiança a ideia e
sua vontade imperiosa entrou em ação: preparou a terra e plantou as sementes de
algodão.
As pessoas não acreditavam naquela tentativa, mas Joaquim era
obstinado...
Entrou o novo ano e houve uma mudança no tempo. Soprou um vento que
prometia chuva, e que caiu no chão como dádiva preciosa para aqueles que
acreditaram e plantaram. A chuva não foi muita, porém foi suficiente para
segurar o algodão.
O algodoal de Joaquim, naquele ano, não só enfeitou a sombria paisagem
sertaneja, como garantiu comida na mesa e aquisição de sementes para o próximo
inverno.
Obrigado Joaquim Valdevino por
nos ter ensinado, com sua história de vida, que, frente às dificuldades, não
devemos bloquear nossa fonte de ideias e cruzar os braços:
É PRECISO PLANTAR ALGODÃO!
UMA HOMENAGEM DE GRATIDÃO DOS
SEUS FILHOS:
Maricelli, Rosa Maria, Rocélio, Antônio Augusto, Pedro Elmano (em
memória), Rui, José Humberto, Stela, José Jucélio, Lúcia, Francisco, Jacinta e
Melânia.
3 comentários:
Ótima reportagem Toinho. Parabéns e muito grata.
stela
Tem alguém aí que até hoje mora no coração de minha mãe.
Tem alguém aí que até hoje mora no coração de minha mãe.
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