Ao sul do nosso estado, “envolvida” por uma bela paisagem serrana, que ao final do dia a beleza se faz mais presente (ao por do sol), um outrora progressista município, sempre foi referência pioneira em muitos momentos na nossa região. Nas comunicações (primeiro jornal e primeira emissora de rádio do interior cearense); primeiro educandário de ensino superior no interior do estado (Seminário São José); primeira comarca. Município possuidor de um solo fértil, principalmente em sua zona rural, possibilitando essa referida qualidade, vasta produção agrícola, produtos hortifrutigranjeiros, a plantação da cana-de-açúcar e, em relação a esse produto, a proliferação de engenhos de rapadura. A presença, em seu sopé de serra, de fontes naturais de água em grande abundância, torna o município um grande exportador de citados produtos para a região nordeste e para o país em si. A sua economia alcança patamares significativos, com um comercio em larga expansão, onde a sua tradicional feira semanal (segunda-feira) é o ponto maior de referência no setor. Paralelo ao desenvolvimento econômico, “aparecem” nos seus sítios, bairros e localidades rurais, as mais diversas manifestações de folguedos populares: reisados, maneiro pau, bandas cabaçais, quadrilhas juninas.
A educação “vê” surgir (por iniciativa de abnegados cidadãos) seu primeiro estabelecimento educacional de nível médio (Colégio Estadual Wilson Gonçalves). A cultura abriga grandes e renomados nomes na publicação de revistas, livros, jornais. Surgem a Faculdade de Filosofia, a Rádio Educadora, a quadra Bi-Centenário. A música “tem vez” com o Festival Regional da Canção, quando aparecem renomadas revelações no cenário artístico caririense. O teatro com atuações de vocacionados e brilhantes atores e atrizes “desfilando” talentos em palcos caririenses.
No esporte, a cidade se destaca em todo o nordeste com excelentes equipes de futebol de salão e association, boas performances na natação (O Tênis Clube é referência maior) e no vôlei. A cultura popular apresenta o empenho, arrojo e entusiasmo de nomes como o Prof. Pedro Teles, Escritor J. de Figueiredo Filho, Elói Teles, Dedé de Zeba, Dedé de Luna, Correinha, Poeta Zé Gato, Mestre Aldenir, Irmãos Aniceto, Bandinha Rosa Guede. Voltando ao esporte, mais precisamente ao futebol association, e seleção cratense alegra a cidade (no Velho Estádio Wilson Gonçalves) com as “endiabruras” do inigualável Chico Curto e seus comandados. Velho Estádio totalmente lotado com a arte futebolística de inúmeros atletas oriundos principalmente do popular gesso que, associado aos melhores brincantes carnavalescos do município combinam uma dupla de duas das maiores alegrias do brasileiro (o futebol e o carnaval). O bar do alagoano é o ponto principal do encontro de boêmios, seresteiros, escritores, poetas, artistas, políticos. Elói “prepara” futuros talentos com o seu “Gurilândia”. As Rádios Araripe e Educadora “travam” uma salutar “briga” pela audiência com renomados e sérios profissionais do rádio nordestino. Circulam as revistas Itaytera, IC Revista (depois Região), Jornal a Ação. Os cinemas Educadora, Moderno e Cassino são as “salas” de encontro dos cratenses aos sábados e domingos. Exposição Centro Nordestina de Animais e Produtos Derivados é o nome da nossa maior festa. Início dos anos setenta e a coisa começa a “acanaiar” com a disfarçada “briga” política entre os partidários do Professor Pedro Felício e do Medico Humberto Macário. Referida “briga” acarretou o início (que terá continuidade nos anos seguintes) da hoje notória e percebível decadência política, cultural, esportiva, educacional, comercial, econômica, social da nossa cidade. Política, principalmente com inexpressivos representantes tanto no executivo municipal, como no legislativo estadual nos dias atuais.
Muralhas de um possível ginásio poliesportivo, muralhas de um possível Shopping, perda de inúmeras firmas comerciais e repartições públicas e privadas para outros municípios, da sede do campus Cariri da Universidade Federal do Ceará, Sesi. Demonstram um pouco da decadência que nos referimos, Na política, lembramos o fato ocorrido no início dá década de 80, Quando foi preciso a polícia, corpo de bombeiros, justiça eleitoral, justiça comum “apartar” a continuação da “briga” entre partidários do Professor Pedro Felício e do Doutor Humberto Macário - dois respeitados e sérios homens públicos. Por sinal, o resultado eleitoral dessa disputa eleitoral foi desastroso para o nosso município - talvez aí tenha começado o que hoje vemos como resultado: à decadência que em linhas anteriores nos referimos. Chance, oportunidade, nossa população teve de nos dias atuais termos uma cidade com qualidade de vida para seu povo, um comércio pujante, uma economia avançada, uma educação de referência uma saúde de qualidade, um esporte vencedor e competitivo, uma cidade bela e aprazível de habitar. Um município que orgulhasse cada cratense de ter aqui nascido. Década de setenta: Jósio de Alencar Araripe, cidadão honrado, ético e respeitado. Década seguinte (80): Médico Marcos Cunha. Década de noventa (90): a dupla “perfeita”; Raimundo Bezerra/Marcos Cunha. Ainda haveremos de nos livrar desse povo - há 40 anos no poder (1972/2012). A esperança ainda há. Acredito nessa possibilidade. Vamos aguardar, dois anos passam rápido. O nosso povo, acredito eu, ainda terá nessa cidade qualidade de vida. Uma população de cabeça erguida e olhando pra frente. Sou otimista!
Jorge Carvalho Agosto/2010
Um comentário:
Devemos ser otimistas, acreditar e ter fé, sabe porque? Simplesmente porque merecemos o melhor...porque aqui começou também muitas coisas melhores e porque temos a paisagem serrana mais bonita do mundo, temos o povo mais audacioso e corajoso, temos enfim o melhor do melhor...
Iris Pereira
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