Projeto Verde Vida ensina adolescentes do distrito de Ponta da Serra, no município do Crato, a fazer filmes
Crato. Um mundo ainda desconhecido para jovens do sertão. Na pequena Ponta da Serra, distrito do município do Crato, jovens experimentam o universo do cinema e se apaixonam pela sétima arte. Começou com um curso e depois veio a prática. Dez curtas, em torno de 14 minutos cada, foram inteiramente produzidos pelos adolescentes. Uma experiência que se transformou em sonho. A vontade de fazer cinema passa a se tornar parte do universo de vida dos 17 integrantes do curso. As mil idéias na cabeça nascem mesmo sem condições necessárias para desenvolver um trabalho contínuo na área cinematográfica.
O Cariri é o terreno fértil para o desenvolvimento do audiovisual. As temáticas são variadas, mas os participantes das Ações Culturais para Povos Rurais, por meio do Núcleo de Audiovisual do Projeto Verde Vida, órgão de onde partiu a iniciativa de produção dos filmes, após aprovação do projeto pela Petrobras e o Criança Esperança, mostraram que a realidade é uma prova disso. Os filmes foram produzidos ano passado, após o curso inicial.
Desde a linguagem do cinema, fotografia, roteiro, produção e edição foram ensinados aos jovens. Mas o estímulo veio mesmo após a chegada das câmeras e todo o aparato para irem às ruas e sítios captar as imagens, ter o contato direito com os personagens da vida real. Anyelle Brito buscou um tema que chamou sua atenção, logo de cara: “Estórias e Trancoso”. Foi buscar os contadores no pequeno distrito. Como captar a idéia e levar o tema às câmeras não foi muito fácil. Ela afirma que é uma tarefa que requer sensibilidade. Os oito personagens foram escolhidos a dedo. A partir daí, era necessário trabalhar a simplicidade e a espontaneidade de cada um deles.
“É uma coisa muito emocionante para nós. Aqui ninguém sabia o que era produzir cinema. Nem para onde ia isso. Foi uma experiência importante poder captar o outro lado, ver o que se passava por trás das câmeras”, diz Anyelle. Os temas não são tão difíceis de encontrar. Alguns dos personagens escolhidos pelos jovens eram da própria família.
Exemplo disso veio do criativo Diogo Brasil, da Palmeirinha dos Vilar, área rural do Crato. As três tias cegas serviram de inspiração para construir o seu roteiro. “Nem eu mesmo sabia como era o dia-a-dia delas”, ressalta o jovem, que sonha com a produção de novos filmes. A história recebeu um nome criativo de “As Três da Manhã”. Conta momentos do cotidiano das mulheres que levam uma vida inteiramente normal, mesmo com deficiência visual.
Ao acordar às três horas da manhã, as irmãs fazem o fogo a lenha e preparam o feijão, o café e começam as tarefas diárias que vão até o meio-dia de serviços. Uma casa organizada. As três dão o testemunho de vida de que são pessoas que vivem em condições normais. Familiares expõem os seus pontos de vista e, pronto, está engatilhada a fita e uma narrativa na tela do que nem mesmo o autor do filme tinha conhecimento. A idéia era chegar, segundo Diogo, ainda às três da manhã para captar o acordar das três. Chegou às duas horas e o fogo a lenha já estava feito. Mesmo assim, a luz do dia nascia e as lentes começaram a captar o momento mágico para o pequeno produtor.
Os temas passaram por uma triagem. Os 17 concludentes do curso, que hoje trabalham com a exibição dos seus primeiros trabalhos, tiveram que suar a camisa para desenvolver atividades na produção dos filmes. Foram eles que elaboraram todo o processo, desde o roteiro, filmagens, produção, edição, som e fotografia. Enfim, todos os passos. “A gente nem tinha computador, as aulas eram no chão”, lembra Anyelle. Duas câmeras chegaram somente no fim do curso e fizeram a festa da moçada.
Emoção para moradores
A turma se distribuiu entre a Farinhada da Malhada, O Amor de Margarida, Na Sombra da Catingueira, Votos de Consagração, Histórias do Asfalto, Meus Dez Direitos até A Última Badalada. Os Curtas do Verde Vida agora tomam as telas, por onde passam esses jovens, que encheram de emoção os olhos dos moradores de Ponta da Serra. Os personagens ricos de suas comunidades passam a ser plurais, como o universo diferenciado e mágico que o cinema dá à vida. E também aprenderam com os novos produtores do “arid movie”. A cidade teve sua rotina modificada. “Finalmente, ao se verem nas telas, eles compreenderam a nossa mensagem”, diz o pequeno Rodrigo Brasil.
Elizângela SantosRepórter
ENQUETE
O que esta experiência proporcionou?
Diogo Brasil
Diogo Brasil
Estudante No começo foi difícil. No entanto, depois, foram vencidas várias etapas e o bom de tudo isso é o resultado
Rodrigo Brasil
Rodrigo Brasil
Estudante
Foi tudo novo. Foi importante compreender a linguagem do cinema e temos outro roteiro de ficção já pronto
Mais informações:Projeto Verde VidaRua Bernardo Vieira, 115
Distrito de Ponta da SerraCrato - CE(88) 3523.9262
EXTRAIDO DO DIARIO DO NORDESTE
Um comentário:
A meninada descascava a macacheira
Ze Miguel no caititu,eu e ela na penenira. Parabens Blog da Ponta da serra. Parabens Antonio.
Postar um comentário