Entende-se por família uma instituição privada passível de vários tipos de arranjos, mas basicamente tendo a função de socialização primária das crianças e dos adolescentes. A família é a base primária, é o primeiro grupo no qual o indivíduo desenvolve-se socialmente no seu comportamento direcionado pelo afeto e pela cultura dos seus membros. Para as autoras, a família, como uma das fontes de socialização primária, ao construir vínculos saudáveis, comunica normas sociais para os seus membros. Porém algumas famílias podem transmitir normas desviantes para os filhos através do modelo de comportamento dos pais. Os problemas de vinculação familiar vêem, em sua maioria, daqueles lares onde faltam habilidades para a criação dos filhos, reduzindo as chances de transmissão efetiva de normas sociais saudáveis.
O termo droga tem origem no holandês 'droogen' (mercadoria seca), que era a forma com que se apresentavam as folhas medicinais, antepassadas dos modernos medicamentos ou seria uma adaptação do vocábulo persa 'daru' (medicina) que teria migrado para o francês 'drogue' e o italiano 'droga'. O termo hoje, em Português, designa principalmente as diversas substâncias ilícitas comercializadas. São substâncias ilegais que podem causar danos e dependência aos usuários. Para a OMS (12), droga é toda e qualquer substância que ingerida, inalada, intravenosa, pode alterar os órgãos dos sentidos como audição, visão, paladar, tato ou uma das funções relacionadas com a percepção e emoção.
A família pode ser identificada como uma unidade social, como um sistema composto por membros que compartilham relacionamentos entre si, e apresenta diferentes níveis de poder, no qual o comportamento de um dos membros pode afetar o restante do grupo. Em situações em que o filho consome drogas, pode-se haver conseqüência para toda a sua família.
A família contemporânea está imersa nas revoluções da informação e da tecnologia, que afetam diariamente a vida dos indivíduos e dos grupos, por meio da televisão e do computador, e invadem o mundo perceptivo e as crenças, com padrões de comportamento. Porém seria interessante que esta tecnologia fosse utilizada pelos pais no auxílio da educação dos filhos. Estas fontes de informações podem servir como uma porta de entrada, na qual os pais iniciam debates e discussões com os adolescentes acerca de tema relevantes, como o uso de drogas.
O relacionamento entre pais e filhos é repleto de valores morais, crenças e percepções que podem influenciar em diversos comportamentos e práticas dos adolescentes. De acordo com o levantamento de dados em todo o Brasil, observa-se que quando os filhos têm um bom relacionamento com os pais não há o uso pesado de drogas ao contrário do que acontece se os filhos não consideram terem um bom relacionamento com os pais. O uso moderado de drogas coincide com a opinião de que os pais não são nem autoritários e nem liberais. São considerados pelos filhos, pais com atitudes moderadas .
A família perde a oportunidade de transmitir valores e impor limites para seus filhos já na infância. Acaba tendo uma postura na qual a infância é apenas um momento de brincadeiras e irresponsabilidades. Refere que já nesta fase os pais podem aproveitar para ensinar as crianças a enfrentar situações vividas na sociedade.
A falta de tempo dos pais e responsáveis leva a terem dificuldades de conhecerem melhor os amigos e professores de seus filhos e na capacitação através de leituras, palestras e seminários sobre drogas ilícitas. Portanto, um diálogo com conteúdo, pertinente e desmistificado seria interessante para prevenir e ampliar as percepções de seus filhos referentes ao consumo de drogas. Não é suficiente a família saber que as drogas ilícitas fazem mal para seus filhos adolescentes, é preciso querer enfrentar o problema das drogas como uma realidade que já está dentro das escolas e dos condomínios residenciais.
A família, muitas vezes, transfere a responsabilidade da educação dos filhos para a escola. Entende-se que os motivos para que isso ocorra, referem-se á resistência dos pais em abordar esse tema com os filhos, o que mostra que a família acaba deixando esta discussão para um outro grupo, que pode ser dos amigos e da escola. Por outro lado, a família pode não ter conhecimento a respeito da temática das drogas e dificilmente se mobiliza para entender sobre o assunto. Com isso, o adolescente acaba por não falar sobre drogas em casa
A escola, devido à possibilidade de acesso aos jovens e à natureza educacional do seu trabalho, é considerada, em todo o mundo, o lugar privilegiado dos programas de prevenção dirigidos aos adolescentes. No entanto, podem-se observar de diferentes ângulos da sociedade a relutância e o despreparo da instituição escolar para lidar com os problemas sociais e as transformações culturais da sociedade contemporânea, especialmente com temas considerados tabus como é o caso de drogas. A família e a escola são instituições que devem trabalhar em parceria, tanto nas discussões com o adolescente e seus grupos, nos assuntos referentes ás drogas, quanto no desenvolvimento e na implementação de políticas públicas que enfrentem esta problemática. Se houver um trabalho de parceria entre a família e a escola, há um fortalecimento das práticas que contribuem para a formação do indivíduo, enquanto cidadão consciente de seus atos.
JOÃO CÉSAR MOUSINHO DE QUEIROZ
PSICOLOGO CRATENSE -CRP/06-21371-0
(COLABORADOR DO BLOG DA PONTA DA SERRA)
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