quarta-feira, 18 de março de 2009

180309 ACERVO HISTÓRICO DO PADRE CÍCERO

Biblioteca do Pe. Cícero é revelada ao público



Começa hoje a Semana do Padre Cícero, em comemoração aos seus 165 anos de nascimentoJuazeiro do Norte. Livros que contam um pouco da história de vida de um homem que buscava o conhecimento da religiosidade, da Medicina, em várias línguas. Esse homem se tornou um santo consagrado pelo povo. O Padre Cícero Romão Batista, no próximo dia 24 de março, estará completando 165 anos de nascimento. Uma história que segue sendo estudada por dezenas de pesquisadores de várias partes do País e do mundo. Hoje, às 19 horas, será aberta oficialmente a Semana comemorativa do seu aniversário, no Memorial Padre Cícero, que conta, no desfecho das comemorações, com um bolo gigante, feito pela comunidade e colaboradores. A grande novidade será a abertura, para visitação pública, da biblioteca que pertenceu ao “Patriarca de Juazeiro”, formada por 600 livros, dois deles catalogados recentemente.São conhecimentos diversos, idiomas diferentes, mas a religiosidade, o profundo conhecimento místico do Padre Cícero se evidencia por meio da leitura que praticava. É o que indica coleções de bíblias, livros sobre teologia, orações. O material está em poder dos padres salesianos, no Museu São José, localizado na rua do mesmo nome, em casa de morada do Padre Cícero.Acervo preservadoSão quatro estantes de madeira, numa das salas do velho casarão, todas com o material que não pode ser tocado, a não ser pelos profissionais e estudantes que estão iniciando um trabalho de digitalização do material e de preservação, há cerca de um ano.A Semana do Padre Cícero começa com a V Expocícero, uma exposição com artigos religiosos voltados para o sacerdote, fotografias e objetos pertencentes ao padre. Apresentações culturais e uma feira de artesanato fazem parte do início dos trabalhos que continuam até o dia do aniversário, próximo 24 de março.No segundo dia, o padre José Venturelli levará ao público as novidades sobre a biblioteca, juntamente com a coordenadora dos trabalhos, a estudante de Biblioteconomia, Deusimária Dantas, que vem desenvolvendo o trabalho de digitalização e preservação do material, numa atividade que envolve 35 voluntários. A palestra sobre o assunto será no auditório do Memorial, às 19 horas.Longo trabalhoSegundo o padre Venturelli, esse é um longo trabalho que poderá demorar, conforme profissionais da área, cerca de 10 anos. A pretensão é digitalizar todos os livros que pertenceram ao Padre Cícero. Alguns deles, conforme o religioso, são do período em que o sacerdote era estudante. Ele supõe isto, já que a assinatura não consta como padre, de acordo com boa parte em que ele descreve: “pertence ao padre Cícero”, com local e data, no caso ainda assinava “Joaseiro”.Achados considerados importantes pelo padre Venturelli foram encontrados dentro dos livros, como uma pequena tira de pano, um dos possíveis paninhos usados pela beata Maria de Araújo, momento em que a hóstia se transformou em sangue na boca da beata e cabelos que poderão ser do sacerdote e um negativo.Uma catalogação do material havia sido feita no ano de 1984 pelos padres salesianos. O material estava guardado em armários de boa qualidade, hoje distribuído em quatro estantes do Museu. No centro uma mesa, com uma marca usada pelo Padre Cícero, que também fazia parte da biblioteca particular do sacerdote.No ato da palestra, será distribuído, entre estudiosos do Padre Cícero, um livro escrito pelo próprio “Patriarca de Juazeiro”. Entre os agraciados com a raridade, o bispo diocesano, dom Fernando Panico, irmã Anete Dumoullin e o escritor Daniel Walker. São anotações pessoais, em uma agenda, durante o período em que esteve em Roma. Contém tópicos de um livro que vinha lendo, “estudos e reflexões”, segundo conta padre Venturelli. “São tópicos significativos, que trazem um conhecimento profundo dos mistérios de Deus. Uma mística profunda, estudos de alto nível de diálogo com Deus. Um relacionamento íntimo, bastante profundo e rico”, diz.Temas diversosDesse material, alguns escritos de punho do próprio Padre Cícero, além das capas e contracapas dos livros arquivados, títulos e sumários já estão digitalizados e ficarão à disposição de pesquisas, preservando com isso o material de origem da época.Direito canônico, estudos sobre remédios e terapias medicinais, dicionário de português para chinês, terapias medicinais estão entre os temas diversos dispostos na biblioteca. A recuperação dos livros, começando pelos mais danificados, ainda será iniciada. Até o momento, começou-se uma atividade de preservação mais elaborada. O cadastro também está sendo feito. A preocupação depois desse trabalho será acondicioná-los em local com climatização adequada. Há livros de até antes do nascimento do Padre Cícero, datados de 1732. São histórias que começam a ser descortinadas de um homem culto, santificado pela nação romeira.
FIQUE POR DENTROMuseu funciona em casa pertencente ao religiosoA biblioteca do Padre Cícero está localizada no Museu São José, casa onde o sacerdote passou os seus últimos dias de vida, em Juazeiro do Norte. Ele faleceu aos 90 anos, e, segundo o atestado de óbito, a causa esteve relacionada a uma paralisia intestinal. Antes passou por uma cirurgia de catarata. O acervo da biblioteca é formado por 600 livros, atualmente guardados em estantes de madeira, numa das salas do Museu. Alguns dos exemplares são em francês, língua oficial da época, assim como hoje é o inglês. A história do religioso, já consagrado como santo popular, conta que Cícero Romão Batista nasceu em 1844 na antiga Vila Real do Crato e chegou a Juazeiro em 1872, dando início ao sacerdócio junto à população pobre de sertanejos, numa cidade marcada pela violência e pela prostituição. Teve importante atuação tanto no sentido de aconselhamento espiritual como no trabalho junto às comunidades nas épocas de seca e de fome. Dessa maneira, conquistou o respeito da comunidade que passou a lhe atribuir a qualidade de santo e profeta. O messianismo passou a fazer parte de sua vida em 1891, quando a hóstia, concedida pelo padre, ficou vermelha na boca da beata Maria de Araújo, fazendo com que o povo considerasse o fato como um milagre, marcando a sua história.ELIZÂNGELA SANTOSRepórterMais informações:Museu São JoséRua São José, 242,CentroJuazeiro do Norte (CE)Região do Cariri

São 600 livros que integram o acervo pertencente ao Padre Cícero, guardados no Museu São José (Foto: Elizângela Santos)

FONTE: Diário do Nordeste

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